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Ricardo Galvão: “Fim do monitoramento no Cerrado será terrível”

Sem fonte de recursos, projetos de monitoramento de desmatamento e queimadas nos biomas brasileiros estão caminhando para um trágico destino

Por Felipe Mendes Atualizado em 7 jan 2022, 17h17 - Publicado em 7 jan 2022, 16h24

Eleito um dos cientistas mais importantes do mundo pela revista Nature em 2019, Ricardo Galvão, ex-diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), disse em entrevista ao Radar Econômico que o país caminha para entrar em colapso em relação ao monitoramento do desmatamento e das queimadas nos biomas brasileiros. O primeiro que será afetado é o Cerrado, que terá seu monitoramento suspenso por falta de recursos depois de abril. Isso porque a verba usada para manter a equipe — cerca de 2,5 milhões de reais — de pesquisadores na região se encerrou em 31 de dezembro, e o órgão não tem orçamento para continuidade do programa. O descontrole dos dados pode gerar efeitos climáticos catastróficos.

“Já havia uma previsão do fim desses recursos enquanto eu era diretor e nós começamos a elaborar uma nova solicitação por meio do Fundo Amazônia. E isso realmente foi impossibilitado pela decisão do Ricardo Salles de descontinuar o fundo. Há 2 bilhões de reais que estão disponibilizados e que não podem ser utilizados”, diz Galvão. “Isso [o fim dos recursos] vai afetar completamente o serviço do Inpe. E no caso do Cerrado esse mapeamento é importantíssimo. Nós pensamos muito na Amazônia, mas temos de lembrar que no Cerrado há uma zona de nascente de rios importantíssima, como o próprio São Francisco. E esse monitoramento do Cerrado o Inpe começou há uns cinco anos e eu fico bastante triste em saber que não será possível continuar.”

O cientista alerta que sem o monitoramento, os casos de desmatamento na região podem disparar, o que vai gerar efeitos para o combate ao aquecimento global, por exemplo. “Com o aquecimento global, existem dados bastante claros de que a zona de maior seca vai se estender via Nordeste na direção do Cerrado muito fortemente. Eu não acredito que nós conseguiremos chegar a 2050 sem um aquecimento médio da temperatura de 1,5ºC a 2ºC, o que é muito preocupante, pois isso irá afetar as águas do Cerrado”, afirma. Ele ressalta que o monitoramento de outros biomas, sobretudo o da Floresta Amazônica, também estão com os dias contados. “Se o Fundo Amazônia não for reaberto, vai ser a Amazônia toda e os outros biomas a partir de julho deste ano que deixarão de ser monitorados”.

Galvão, ainda, critica o ex-ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e desconfia do empenho do governo para encontrar uma solução para a questão. “O governo teria de abrir os canais de comunicação com os fundos de investimento do exterior novamente para suprir isso. Teria que fazer essa coordenação. Mas eu duvido que consiga, porque a reputação do Brasil está muito mal no exterior”, diz ele. Desde 2016, esse tipo de monitoramento era feito com financiamento do Forest Investment Program (FIP), administrado pelo Banco Mundial. A verba de 9 milhões de dólares era dividida entre o Inpe, para a pesquisa, a Universidade Federal de Goiás (UFG) e a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). “Sem o monitoramento da região, não será possível fazer estimativas de emissão de gases de efeito estufa no Cerrado, o que é muito importante, já que o bioma apresenta índices de emissão de metano com o gado. Tudo isso será perdido.”

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