O Efeito Orloff envolvendo Brasil, Argentina e a Rússia — berço da vodca
Por razões distintas, os dois países aproximaram-se diplomaticamente do país governado por Vladimir Putin

O chamado Efeito Orloff está cada dia mais instantâneo. Uma antiga brincadeira envolvendo o mote da empresa “eu sou você amanhã” sempre torneou as discussões em torno de decisões político-econômicas por parte de Brasil e Argentina. A piada era simples: se algo acontecia em um dos países (uma eleição de candidato de esquerda ou direita, descontrole inflacionário e por aí vai) era questão de tempo para que o mesmo acontecesse do outro lado da fronteira.
Comicamente, o Efeito Orloff ocorre, agora, envolvendo o berço da vodca: a Rússia. Por razões distintas, os governos de Brasil e Argentina aproximaram-se diplomaticamente do país governado por Vladimir Putin. Ex-embaixador da Argentina no Brasil, Juan Pablo Lohlé explicou ao Radar Econômico os motivos diametralmente opostos para o movimento. “Alberto Fernández foi à Rússia porque Cristina Kirchner assim determinou. Ele fez pra agradar Cristina, que quer aproximar-se pelas razões ideológicas, herança da União Soviética”, diz.
“O kirchnerismo tem uma visão voltada ao autoritarismo para exercer o poder, na herança de uma influência importante dos setores que vêm da esquerda revolucionária, o que influencia a política externa da Argentina”, diz. Já o presidente Jair Bolsonaro o faz por outros interesses. O movimento, segundo Lohlé, envolve a aproximação com uma potência mundial depois de o presidente perder o ex-mandatário dos Estados Unidos Donald Trump como aliado no xadrez mundial. E Putin com isso? “O presidente russo vê nos dois países como aliados de peso e estratégicos na América Latina, muito mais fortes do que os atuais apoiadores Venezuela e Cuba”, afirma.
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