Furnas coloca privatização da Eletrobras na sala de espera
Empresa anunciou que fará aporte total para cobrir o rombo na usina, mas depende de debenturistas para evitar um cross default bilionário
A Eletrobras comunicou já tarde da noite desta quinta-feira, 26, que sua subsidiária Furnas fará sozinha um aporte de 1,58 bilhão de reais para fazer frente a um rombo causado por uma arbitragem da usina de Santo Antônio, confirmando o que informou o Radar Econômico no início de maio. Mas o comunicado coloca na sala de espera a privatização da empresa. O problema é que debenturistas de Furnas precisam aprovar a operação em uma assembleia que foi convocada para o próximo dia 30 de maio. Se não houver quórum, uma nova assembleia é convocada. A própria Eletrobras carrega nas tintas em seu comunicado. A empresa informa que está fazendo os melhores esforços para obter tal aprovação, mas que se o aporte não for aprovado pelos debenturistas de Furnas “poderá causar um efeito adverso relevante em Furnas e na Companhia em decorrência de inadimplemento ou vencimento antecipado cruzado (cross acceleration ou crossdefault) de suas dívidas”.
Na sequência a empresa informa o tamanho do problema: “registra-se que, em 31 de março de 2022, o endividamento total de Furnas correspondia a 7,034 bilhões de reais e o endividamento total da Companhia (Eletrobras) correspondia a 41,6 bilhões de reais”. Segundo fontes próxima ao processo, sem uma solução final para o caso, a auditoria PwC vai inserir uma ressalva pesada no prospecto da venda de ações da empresa.
Os debenturistas que compraram os papeis da empresa em 2019 fizeram constar uma cláusula que impede que Furnas faça o aporte em Santo Antônio em decorrência do fim da arbitragem com o consórcio construtor sem que antes seja aprovado em assembleia de debenturistas. Sem a aprovação, acontece o que a empresa chama de cross default, ou seja, atinge as outras dívidas da companhia que em cascata vão tendo suas cláusulas de antecipação de pagamento sendo acionadas.
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