A promessa de Bruno Dantas para conseguir adiar a venda da Eletrobras
Movimento da oposição conseguiu adiar a análise da venda da estatal
O ministro Bruno Dantas, do Tribunal de Contas da União, lutou com tanto afinco para adiar a venda da Eletrobras que durante a seção de ontem, que acabou com um pedido de vista do ministro Vital do Rego, fez promessas convenientes. “Não votarei nunca mais enquanto eu estiver neste colegiado”, disse convicto o ministro se referindo ao prazo de apenas 7 dias para o pedido de vista. Prazo que ele mesmo havia chancelado no ano passado quando se discutia o leilão do 5G. “Me arrependi amargamente de tê-lo feito. Aquela decisão lançou sobre nós uma zona de atrito absolutamente desnecessária e que no longo prazo tende a se potencializar mais e mais e mais”, disse o ministro. “Não tinha parado para refletir sobre o assunto”.
No leilão do 5G, o recém nomeado ministro Jorge Oliveira atropelou o ministro Aroldo Cedraz, que tinha dúvidas técnicas sobre as contas do leilão do 5G, dando um prazo de apenas 7 dias para o voto-vista. Dúvidas que mais na frente podem significar um gasto tremendo de dinheiro público.
Nos corredores do tribunal, o que se comenta é que a Dantas e Vital do Rego fizeram um movimento estritamente político. O PT pediu para que a venda da Eletrobras não aconteça e o padrinho Renan Calheiros abraçou a causa. A expectativa é que quanto mais atrase o processo, mais fique difícil realizar a venda da empresa neste ano.
O próprio ministro Vital do Rego, que agora lutou com afinco para ter um prazo mais longo no seu pedido de vista, tinha votado para reduzir o prazo no leilão do 5G, no ano passado. Mas como Dantas, também mudou radicalmente de ideia. . “Rasgamos o regimento no 5G. Passa boi, passa boiada. Logo depois vem a Eletrobras. E depois? A Petrobras? A Caixa? O Banco do Brasil? E o papel do TCU vai inverter a ordem do controle. Em vez de assumir como controle externo, se assume como órgão de chancela do desejo do governo de plantão”, disse ele durante o julgamento de ontem.
Ao fim, os ministros Antonio Anastasia e Benjamin Zymler também se manifestaram contra o voto-vista relâmpago de 7 dias. Eles não haviam participado do julgamento do 5G. Ao fim, ficou decidido que o processo da Eletrobras seja retomado em 20 dias com o voto-vista do ministro Vital do Rego. O governo diz que o cronograma da privatização ficou comprometido.
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