A mais nova razão para uma desavença entre Guedes e Marinho
Economia quer usar recursos do FGTS para estimular o consumo, enquanto Desenvolvimento Regional vê valores como fundamentais para estados e municípios
A possibilidade de uma nova rodada de saques emergenciais do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço, o FGTS, aventada pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, não caiu bem no Ministério do Desenvolvimento Regional. O chefe da pasta, Rogério Marinho — desafeto de Guedes na Esplanada dos Ministérios —, torceu o nariz para a proposta, alegando que a medida pode impactar linhas de crédito fundamentais para prefeitos e governadores no âmbito do programa Casa Verde e Amarela, o substituto ao Minha Casa, Minha Vida, e em obras envolvendo projetos de saneamento básico — em detrimento à política de distribuição de renda.
Como não há valores definidos, técnicos do ministério de Marinho não vislumbram, ainda, o tamanho do impacto. Segundo pessoas próximas ao ministro, a vocação original pelo uso dos recursos não teria ligação com as pretensões eleitorais de Marinho — que deve deixar o governo para concorrer ao cargo de governador do Rio Grande do Norte ou ao Senado pelo mesmo estado —, mas a projetos essenciais para os entes federativos. Isso porque os maiores beneficiados pelos recursos do FGTS seriam os estados e municípios de todo o Brasil. No Ministério da Economia, técnicos equilibram-se entre os benefícios da liberação e da concessão de crédito imobiliário como ativos eleitorais. A primeira opção, porém, deve ser definitiva.