Inflação fecha o ano nos dois dígitos? Há quem acredite que não
VEJA Mercado: IPCA precisa subir 0,74% em dezembro para bater os 10% no acumulado do ano
O IBGE revelou na sexta-feira, 10, que a inflação avançou 0,95% em novembro e bateu 9,26% no acumulado de 2021. Embora o número seja alto, a expectativa do mercado era de um avanço de 1,1% no mês, o que indica uma leve desaceleração no dado impulsionada pela Black Friday. A pergunta que fica no ar é se a inflação vai ultrapassar os dois dígitos ao fim do ano. Para isso, o IPCA para dezembro precisaria ser igual ou superior a 0,74%, mas alguns economistas divergem quanto a essa chance. “A chance é grande. Os preços continuam subindo e o final do ano tem efeito sazonal com preços inflacionados por conta de 13° e Natal. Por isso, é bem factível que feche nos dois dígitos”, avalia Juliana Inhasz, economista e professora do Insper. Para ela, o dólar, a crise hídrica e o preço dos combustíveis são variáveis que devem continuar pressionadas em 2022. “A inflação vai ceder em 2022, mas talvez não tanto como a gente gostaria. O certo seria uma diminuição da pressão por todos os lados, mas ainda continuamos com taxas de câmbio elevadas e vamos repercutir eleição já a partir de janeiro. Por isso, os riscos vão continuar existindo”, pontua.
Já para Gilberto Braga, economista e professor do Ibmec, a inflação abaixo daquilo que se esperava para novembro já indica uma desaceleração nos preços. “A inflação de novembro surpreendeu, mas ainda carrega um aumento de preços exagerado que diminui o poder de compra da população. Para o acumulado do ano, contudo, a tendência é fechar abaixo dos 10% porque alguns fatores deixarão de estar presentes com tanta intensidade, como os alimentos, que devem ceder com a entrada de novas safras e o fim das intempéries”, afirma o economista. “Há um consenso de que, para 2022, os preços tendem a cair lentamente, sobretudo a partir do segundo semestre. Na primeira metade, as contas de energia, telefone e água ainda devem pressionar o índice”, pontua. Nem mesmo os economistas convergem, mas seja um ou dois dígitos a inflação anual, o brasileiro tem reclamado, e sentido no bolso, os efeitos da alta nos preços.