A ambígua posição do mercado em relação à Petrobras nas eleições
VEJA Mercado: investidores se dividem entre preferência por reeleição de Bolsonaro e defesa de que governança é suficiente para blindar companhia
Os papéis da Petrobras dispararam 8% no dia seguinte ao primeiro turno das eleições depois de os investidores se surpreenderem com uma força do bolsonarismo nas urnas que não havia sido identificada pelas pesquisas eleitorais. No pregão da última quinta-feira, 20, as ações da estatal voltaram a subir 3% em função do acirramento na disputa entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL) depois da pesquisa Datafolha revelar, pela primeira vez, um empate técnico entre os dois candidatos. Ao mesmo tempo em que o mercado embarca na tese de que uma recondução de Bolsonaro à presidência é o melhor cenário para as estatais, alguns analistas entendem que o risco de qualquer mudança abrupta na gestão dessas empresas, sobretudo da Petrobras, é altamente improvável, independente de quem seja eleito.
“Discutir a Petrobras se resume aos impactos políticos e eleitorais no futuro da empresa. A companhia se mostra muito otimista quanto aos seus mecanismos de defesa e, mesmo assumindo uma mudança radical de estratégia, a empresa mostrou-se fortemente cética em relação a qualquer mudança em seu plano de negócios”, escreve o BTG Pactual em relatório após evento entre investidores e executivos realizado nos Estados Unidos. “Para eles, os custos políticos para alterar ou eliminar as estruturas de governança corporativa no Brasil e na empresa são altos demais para qualquer governo, e que a política de preços de combustível continuará seguindo as leis de mercado , uma vez que a posição líquida vendida de combustível do Brasil exige isso”, conclui o banco.
A Petrobras já distribuiu mais de 100 bilhões de reais em dividendos aos seus acionistas nos dois primeiros trimestres do ano e os papéis da companhia apresentam expressiva valorização de 90% no acumulado do ano.
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