Como anda a audiência de Lula e de Bolsonaro entre homens e mulheres? No início de maio, olhando para a média ponderada das pesquisas registradas no TSE, a fotografia era a seguinte: no eleitorado masculino Lula liderava com 42% das intenções de voto. Bolsonaro marcava 38%. Os dois, portanto, bem próximos de um empate técnico; entre as mulheres, o ex-presidente tem uma larga vantagem – 47% dos votos contra 26% de Bolsonaro. Ou seja, por elas, Lula levaria no primeiro turno.
Os dados são o resultado consolidado das principais pesquisas eleitorais divulgadas pela imprensa. O cálculo é feito pela Meta Análise-Eleitoral, plataforma de estudo de pesquisas eleitorais criada pelo Instituto Locomotiva e pela XP.
O apelo de Bolsonaro sempre foi mais forte entre os homens dos estratos médios da sociedade. O presidente veste com desenvoltura o figurino do macho alfa, que anda de moto, aprecia armas, do sujeito “imbroxável”, com a prole de filhos sempre ao redor como prova de virilidade. Essa figura é temperada com doses do cara simples, cidadão de bem que adora pão com leite condensado no café da manhã, que se lambuza com gosto ao comer numa barraquinha de rua.
A questão para Bolsonaro continuar a crescer é saber até que ponto a imagem do “mito” resistirá para além dos convertidos, numa corrida ao Planalto diferente da que o elegeu em um ponto fundamental: o desgaste do cargo. Essa será uma eleição plebiscitária, de aprovação ou não de sua gestão.
Esse efeito pode ser visto na intenção do voto feminino. O senso comum supõe que a rejeição das mulheres ao capitão tem a ver com as suas tiradas, tidas muitas vezes como machistas. O que pega, na verdade, é a economia real. São as mulheres que cuidam do orçamento doméstico, que sabem o preço do botijão de gás, que fazem ginástica para esticar o orçamento da família cada vez mais curto.
A vida ficou mais difícil. E essa é uma fatura que cai na conta de quem está no poder.