Lula, Bolsonaro e as pesquisas
Para entender o que está por trás dos números nunca foi tão importante mergulhar nos números
A cinco meses do primeiro turno da eleição presidencial, pesquisas de intenção de voto dos principais institutos do país apontam que houve um estreitamento da vantagem do ex-presidente Lula sobre o presidente Jair Bolsonaro e uma redução cada vez maior no espaço de construção de candidaturas alternativas à polarização.
O movimento foi constatado em praticamente todos os levantamentos estatísticos registrados no TSE, independentemente da metodologia utilizada, do instituto que realizou o levantamento ou de quem pagou pela pesquisa. Aqui, no Instituto Locomotiva, realizamos de forma contínua um estudo que agrega os resultados das pesquisas considerando o tamanho da amostra, método de coleta, histórico de acerto e reputação do instituto.
A diferença entre Lula e Bolsonaro, que chegou a 25 pontos porcentuais em dezembro, se reduziu a 6 pontos agora. Nos resultados dos dois institutos que têm registrado pesquisas com maior frequência na Justiça Eleitoral – quinzenais até aqui –, a distância do petista em relação a Bolsonaro se reduziu significativamente desde janeiro, embora ainda seja relevante.
Na pesquisa Ipespe, por exemplo, a distância que em janeiro era de 20 pontos porcentuais foi a 13 pontos na leitura mais recente, de 4 de maio. Na PoderData, Lula tinha 14 pontos de frente sobre o presidente em janeiro e a vantagem afunilou a 5 pontos no levantamento do final de abril.
Outros institutos com largo histórico de pesquisas, mas com frequência menor nas rodadas deste ano, capturaram movimentos parecidos: entre dezembro e março, o Datafolha mostrou encolhimento de 9 pontos na distância entre Lula e Bolsonaro – a vantagem que era de 26 pontos no fim do ano caiu para 17 há um mês e meio.
O ponto relevante é que a queda na diferença entre os dois candidatos se deu mais pelo crescimento de Bolsonaro do que por uma redução na intenção de voto a Lula. Isso significa que Bolsonaro tem conseguido “reconverter” eleitores que estavam indecisos, ou votando em branco/nulo, ou mesmo apostando em outros candidatos, que caíram consideravelmente nessas mesmas pesquisas, sem, com isso, tirar votos de Lula.
A dúvida é se Bolsonaro conseguirá manter a trajetória daqui em diante, dado que há contingente menor de eleitores disponíveis a serem conquistados.