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Pé na estrada

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Viagens de carro para quem ama o caminho tanto quanto o destino
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Despedida do V8: rodamos 800 km com a versão especial R/T da Ram Classic

A bordo da caminhonete grande fomos até Espírito Santo do Pinhal para conhecer o Rancho Churrascada - e entendemos o apelo dessa picape 'raiz'

Por André Sollitto Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 28 nov 2024, 08h45

Logo nos primeiros dias ao volante da Ram Classic R/T, versão de despedida da picape grande da marca americana, ficou claro porque tanta gente ficou triste com o anúncio de que a linha Classic seria descontinuada por aqui. Antes da chegada da Rampage, ela foi a porta de entrada de muitos para o portfólio da Ram. Em 2022, na noite do lançamento, 1.465 unidades do modelo foram vendidas. Isso já dá uma boa ideia de seu apelo. 

Mas não é só isso. Como o próprio nome já diz, ela tem uma pegada mais clássica. Nada de variados modos de condução, assistentes de direção ou mesmo tecnologias que se tornaram comuns em veículos desse porte, como o alerta de ponto cego ou a frenagem autônoma de emergência. A conexão do smartphone com a central multimídia é feita por cabo. E há até um curioso suporte para moedas sob o encosto de braço – o que já dá pistas sobre o fato de que se trata de um projeto mais antigo.

Mas nada disso incomoda. A Ram Classic é uma picape “raiz”, potente e confortável para longas viagens. A edição especial R/T (sigla que significa Road/Track, usada para as versões mais esportivas) marcou a despedida do motor V8 HEMI 5.7 litros de 400 cv de potência e 56,7 kgfm de torque. Foram apenas 100 unidades, 50 na cor preto Diamond e 50 na cor vermelho Fire – como a que testamos. 

Ela tem tecnologias e funcionalidades interessantes, como navegação embarcada, som de alta qualidade com 10 alto falantes produzidos pela Alpine, bancos dianteiros aquecidos e ventilados, com regulagem elétrica, e mais. É poderosa, capaz de acelerar de 0 a 100 km/h em cerca de oito segundos – façanha notável para seu porte.

Mais do que isso, ela é um barato de guiar. Cada acelerada é empolgante, a dirigibilidade é boa, especialmente considerando o tamanho da caminhonete (5,8 metros de comprimento, dois metros de largura e quase 2 de altura). Leva cinco ocupantes tranquilamente, e quem vai na frente desfruta de um espaço gigante para ombros e cabeça. Sem tantas firulas, dá para se concentrar no prazer de dirigir e no ronco envolvente do motor V8 que invade a cabine. 

Rumo ao interior
Nosso principal destino foi o Rancho Churrascada, apelidado de “Disneylândia do churrasco”. É o mais novo empreendimento da marca Churrascada, fenômeno que começou como um festival itinerante dedicado a diversas modalidades de churrasco, incluindo algumas que o brasileiro nem conhecia nove anos atrás, quando os eventos começaram a ganhar popularidade. Ganhou um restaurante fixo em São Paulo, no bairro do Morumbi, a Fazenda Churrascada, e agora conta com o Rancho, uma propriedade de 50 hectares em Espírito Santo do Pinhal, no interior de São Paulo, na região da Serra da Mantiqueira.

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O caminho da capital paulista até o Rancho é tranquilo, praticamente todo asfaltado. No trajeto, guiando a Ram, dava até para esquecer que estávamos no Brasil. “Então é assim que os americanos vão para lá e para cá”. Isso porque, na estrada, mesmo os maiores SUVs do nosso mercado parecem pequenos em comparação. É um padrão de veículo totalmente diferente da realidade brasileira.

As cabanas do Rancho Churrascada, instaladas no alto da serra
As cabanas do Rancho Churrascada, instaladas no alto da serra (André Sollitto/VEJA)

Chegando em Espírito Santo do Pinhal, pegamos uma estrada vicinal que nos leva à entrada do Rancho. Uma placa inspirada nas fazendas americanas recebe o visitante. E a partir dali dá para se sentir quase em um episódio de Yellowstone

A estrutura atual conta com um grande restaurante, um lago para pesca, um vinhedo (que ainda está sendo cuidado e deve começar a produzir em breve), um cafezal, a área da recepção, onde é servido o café da manhã, quatro cabanas, instaladas no alto da serra, uma estrutura para andar a cavalo e muita área verde. A operação começou no meio do ano e há muito espaço para expandir. Os planos futuros incluem a inauguração de outras cabanas, algumas delas já construídas e em processo de finalização. Outras estruturas devem receber uma loja e outras opções de lazer.

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Normalmente, o trajeto até as cabanas é feito por um UTV ou por um carro com tração nas quatro rodas, como o Jeep Renegade Trailhawk que transportava os hóspedes para cima e para baixo. O caminho é muito íngreme, um tanto acidentado, e estreito. Mesmo assim, resolvemos encarar a subida com a Classic. 

Com algumas dicas de seu Ferreira, responsável por subir a trilha dezenas de vezes por dia, ligamos a tração da picape que, mesmo sem pneus adequados para a trilha, encarou a subida sem esforço. Foi possível manobrar mesmo nas curvas mais fechadas e estacionar orgulhosamente em frente a uma das cabanas – e tirar a fotografia que abre essa reportagem.

Das cabines é possível curtir a vista da Serra da Mantiqueira
Das cabines é possível curtir a vista da Serra da Mantiqueira (André Sollitto/VEJA)

Como a previsão era de muita chuva, foi mais prudente descer de novo e deixar a grandalhona estacionada na área apropriada e explorar as opções de lazer do Rancho.

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A gastronomia é um dos pontos mais fortes da experiência. O restaurante fica bem na entrada do complexo e é visitado mesmo por quem não é hóspede. Muitos vêm de longe só para provar os cortes. Mas o menu é variado e justifica a viagem. As saladas são saborosas (destaque para a do Rancho), as entradas são generosas (se puder, peça o queijo mantiqueira assado envolto em massa folhada e servido com mel), e há uma grande variedade de cortes, dos mais tradicionais, como costela ou cupim defumado, a outros de inspiração americana, como Flat Iron e Brisket.

É possível alugar quadriciclos ou cavalgar pelos arredores. Mas os serviços são cobrados à parte e é preciso agendar com pelo menos um dia de antecedência. É possível também calçar uma bota (de preferência texana) e caminhar pela propriedade e curtir a vibe do campo, vendo os pés de café e as videiras.

As cabanas, instaladas no alto da serra, são aconchegantes, especialmente se o clima estiver mais frio. Eles têm dois andares, com os quartos no andar de cima, suficientes para até quatro ocupantes. No andar térreo há uma cozinha bem equipada, uma sala, lareira e uma adega com vinhos de um produtor da região. É possível pedir comida na cabana e comer vendo a bela paisagem. Há diárias por cerca de R$ 1.200.

De volta à estrada
Depois de retornar do Rancho Churrascada, continuamos pegando a estrada com a Ram Classic R/T durante todo o período de testes. Tudo era motivo para voltar ao volante. Vamos almoçar? Seguimos rumo a São Roque. É preciso acompanhar uma pauta no município de Elias Fausto? Subimos na Ram e fomos embora.

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A diversão diminui um pouco na hora de passar no posto de gasolina. Na cidade, ela faz pouco mais de 5 quilômetros por litro. Na estrada, a média sobe para 7,8, às vezes 8 km/l. A autonomia é de quase 600 quilômetros – pouco para um modelo desse porte. Mas quem compra uma picape não se importa de ficar amigo dos frentistas.

Apenas 100 unidades da Ram Classic R/T foram produzidas e o modelo esgotou rapidamente
Apenas 100 unidades da Ram Classic R/T foram produzidas e o modelo esgotou rapidamente (André Sollitto/VEJA)

Lançada por R$ 359.900, mas já esgotada, a Ram Classic R/T funcionava como um degrau intermediário entre a Rampage, com preços entre R$ 255 mil e quase R$ 300 mil, e a geração mais nova da 1500, vendida na casa do meio milhão de reais. Nessa faixa de preço, brigava com as versões mais caras das picapes médias, como Amarok, da Volkswagen, e a queridinha Hilux, da Toyota. Embora seja mais potente, tem menor capacidade de carga, mas é mais potente e consegue rebocar mais.

E, é claro, vinha equipada com o saudoso motor V8. Vai deixar saudade.

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