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Pé na estrada

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Viagens de carro para quem ama o caminho tanto quanto o destino

Apesar do futuro incerto, Fiat 500 é elétrico divertido e ágil na cidade

Dirigimos o simpático modelo lançado em 2021 com visual que remete ao clássico original de 1957, mas recheado de tecnologias atuais

Por André Sollitto Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 12 nov 2024, 19h54

O mundo estava agitado em 1957. A Itália entrava para a União Europeia. Ali perto, na Inglaterra, Paul McCartney, então com 15 anos, conheceu John Lennon e começou a tocar com os Quarrymen, a banda que se tornaria os Beatles. No Egito, o Canal de Suez era reaberto após um ano fechado para o tráfego de embarcações. A União Soviética colocou em órbita a cápsula Sputnik 1, dando passo fundamental na corrida espacial. No automobilismo, o argentino Juan Manuel Fangio (1911-1995) vencia o Campeonato de Fórmula 1 pela quinta vez pilotando sua Maserati. Aqui, no Brasil, começava a construção do Copan, que se tornaria o mais popular edifício residencial projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer (1907-2012). No parque do Ibirapuera, o Planetário abria as portas para o público.

E foi nesse mesmo ano que o Fiat 500 chegou ao mercado.

O carro, pequeno e acessível, foi um marco para a montadora italiana. Sucessor do Fiat Topolino, era compacto, com apenas 2,97 metros de comprimento (pouco maior que os 2,70 de entre-eixos de um Toyota Corolla atual, apenas para efeito de comparação), e era focado no uso urbano. Seu simpático visual foi premiado no Compasso D’Oro, que escolhe anualmente o melhor design industrial. As vendas subiram e ele se tornou um ícone. Com o passar dos anos, ganhou outras versões, incluindo uma perua e uma mais esportiva, assinada por Carlo Abarth. A última versão à combustão chegou ao mercado em 2007 e ainda é vista rodando pelas ruas do Brasil. Em 2020, no entanto, passou por uma remodelação e tornou-se o 500e, versão elétrica, mais moderna, com design que remete ao original, mas que recebeu toques futuristas. E é esse o modelo disponível atualmente no mercado.

Durante uma semana, percorremos a cidade com o 500 elétrico. Fomos tomar um café no Copan, como uma forma de recuperar essa história conjunta entre o início da construção do edifício no mesmo ano em que o 500 original começava a circular na Europa. E usamos o carro em deslocamentos cotidianos. E a experiência foi bastante positiva. Com motor de 87kW (equivalentes a 118 cv) e 220 Nm torque, tem potência suficiente para torná-lo ágil no ambiente urbano. Por ser pequeno, é fácil achar vaga na rua ou parar em um estacionamento mais apertado. O interior é caprichado, com acabamento suave ao toque e um teto solar que aumenta a sensação de amplitude. Vem equipado com um pacote de assistências interessante, incluindo sensor de ponto cego, frenagem de emergência, detecção de pedestres, piloto automático adaptativo e alerta com auxílio para detecção de faixa e seis airbags.

É esperto, confortável, com visual moderno e clássico ao mesmo tempo que chama a atenção. Tem ainda três modos de condução, Normal, Range e Sherpa. O Normal entrega a rapidez de aceleração que se espera dos elétricos, mas a um gasto mais elevado de bateria. O Range reduz o consumo e ativa o sistema One Pedal, em que o carro começa a frear quando o motorista tira o pé do acelerador, regenerando a bateria. E o Sherpa torna essa frenagem ainda mais intensa, além de limitar a velocidade a 80 km/h. O carro fica mais moroso e menos divertido neste último modo, voltado apenas para os momentos em que é imprescindível economizar a carga.

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Mas nem tudo é perfeito. O espaço na segunda fileira é muito apertado para qualquer adulto, e o porta-malas de 185 litros é pequeno. Mas o ponto de maior atenção é a autonomia. De acordo com o Inmetro, alcança apenas 227 quilômetros. Durante os testes, ficou mais próximo dos 200 quilômetros. È pouco.

Fiat 500e visual
Visual do 500e remete ao clássico de 1957, mas tem elementos modernos (André Sollitto/VEJA)

Por conta desses fatores, o destino do 500e é incerto. Lá fora, sua produção foi suspensa por conta da baixa demanda e a Stellantis já afirmou que trabalha em uma versão híbrida, com motor à gasolina, para tentar ampliar o apelo. Por aqui, também tem vendido pouco. Em 2023, por exemplo, foram apenas 50 unidades comercializadas. O grande desafio foi imposto pelos chineses de entrada, que oferecem carros mais baratos com autonomia maior. O 500e, por exemplo, custa R$ 214.990 na única versão disponível, a Icon, enquanto o Dolphin Mini custa R$ 150 mil e tem autonomia maior, de cerca de 300 quilômetros.

Com uma versão híbrida, pode se tornar mais competitivo que a versão elétrica atual. O que é interessante, já que o 500e é um carro divertido e com muita história que merecia mais espaço no mercado brasileiro.

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