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Por Felipe Branco Cruz
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“Nunca pensei que estaria tocando até hoje”, diz Joe Perry, do Aerosmith

Em entrevista a VEJA, o guitarrista falou dos dois shows de seu projeto solo que fará no Brasil nesta sexta-feira, 15, e no domingo, 17

Por Felipe Branco Cruz Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 15 jul 2022, 20h02 - Publicado em 14 jul 2022, 14h27

Um dos 100 melhores guitarristas do mundo pela revista americana Rolling Stone, Joe Perry gosta de dizer que os vocais em uma música de rock sempre foram só uma boa desculpa para ocupar o tempo entre os solos de guitarra. O problema é que em seus mais de 50 anos ao lado do Aerosmith sempre teve como companheiro um dos mais conhecidos cantores de rock da história, Steven Tyler. Neste final de semana, o músico fará dois shows no Brasil com sua banda solo, uma rara oportunidade de poder ouvi-lo à vontade em solos intermináveis de seu instrumento.

O músico visita o Brasil para se apresentar na 9ª edição do festival Samsung Best of Blues & Rock, com shows gratuitos na sexta-feira, 15, no Parque Farroupilha, em Porto Alegre, e no domingo, 17, na plateia externa do Auditório Ibirapuera, em São Paulo. Em entrevista a VEJA por videoconferência, Perry falou sobre o prazer que sente, aos 71 anos, de continuar tocando guitarra e comentou os 50 anos anos do Aerosmith. “Sempre soube que tocar no Aerosmith era algo realmente especial”, disse. O músico falou ainda que irá tocar canções inéditas de seu novo álbum solo, Sweetzerland Manifesto MKII, que deverá lançar em breve.

Nos anos 1970, após desentendimentos com Tyler, Perry deixou o Aerosmith e se lançou em uma frutífera carreira solo. Embora tenha voltado para a banda anos depois, o trabalho fora do Aerosmith continuou, inclusive como integrante da superbanda The Hollywood Vampires, de Alice Cooper e com Johnny Depp na guitarra. Uma das condições para dar a entrevista, no entanto, foi a de que ele não iria falar sobre a recente internação de Steven Tyler em uma clínica de reabilitação, nem dos problemas judiciais de colega Johnny Depp. Leia a seguir os melhores trechos:

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As apresentações que o senhor fará no Brasil nesta sexta e domingo terá vários solos de guitarra e pouca cantoria. É assim que gosta de fazer show? Para mim, cantar sempre foi uma boa desculpa para ocupar o tempo entre os solos de guitarra. Sempre foi assim que vi os vocais e, por isso, eu tento colocar o máximo de guitarra possível em algumas das músicas que fazemos. No Brasil, vamos fazer muitas jams. Tenho muitas músicas instrumentais que não caberiam em um show ao vivo, mas que desta vez vamos tocar do início ao fim e sem vocais. Tentei fazer um equilíbrio no repertório entre minhas músicas solo e as do Aerosmith.

O senhor se sente confortável cantando? Fico muito desconfortável. É muito difícil. O lance é que fica ainda mais difícil porque toco numa banda com um dos melhores cantores do mundo.

O senhor aprendeu a tocar violão na adolescência com seu tio português. A música tradicional portuguesa, como o fado, o influenciou de alguma maneira? Eu queria poder dizer que sei tocar canções folclóricas portuguesas, mas não sei. Meu tio não falava inglês. Ele tocava um instrumento parecido com o ukulele (espécie de cavaquinho havaiano). Foi a primeira vez que vi alguém tocando um instrumento de cordas e sempre canções portuguesas. Passávamos algumas horas ouvindo-o tocar. Fui influenciado, no entanto, por programas de TV, tipo o Ed Sullivan Show que levava os Beatles para tocar lá. Tenho essa herança portuguesa no sangue, mas é só isso que posso dizer.

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O Aerosmith está junto há mais de 50 anos. O que fizeram para manter a chama da criatividade acesa entre vocês por tanto tempo? Acho que a questão não é manter a chama acesa, é deixar ela nos incendiar. Eu nunca pensei que estaríamos tocando rock’n’roll até hoje. Quando eu tinha 30 ou 40 anos, a maioria das estrelas do rock dos anos 1950 já tinha saído de cena. Ser uma estrela do rock não é como outras carreiras, como um médico, advogado, açougueiro, padeiro ou fabricante de velas que podem passar dos 50 e 60 anos desempenhando suas funções. Até na música clássica isso é possível, com pessoas tocando violino, por exemplo. Mas no rock, isso não parecia ter futuro. Mesmo quando começamos, eu só queria conseguir pagar meu aluguel e comprar alguma coisa para comer. Um passo de cada vez. Para mim, é muito bom chegar a um ponto da carreira tocando coisas que os fãs ainda querem ouvir.

Nos últimos 50 anos, você chegou a pensar que o Aerosmith fosse, realmente, se separar? Passamos por períodos da vida que a gente realmente não espera. Nós nos separamos no final dos anos 1970, mas não terminamos a banda. O Aerosmith ainda estava por aí, mas não comigo e nem com o Brad. Toquei nos anos seguintes em todos os lugares que pude com diferentes músicos. Mas eu sempre soube que tocar no Aerosmith era algo realmente especial. Quando Steven e eu começamos a falar sobre isso, chegamos à conclusão de que queríamos fazer funcionar novamente. Na época, saímos em turnê sem um álbum e sem uma gravadora. Sem nada. Fomos levando e é isso que vem acontecendo desde então.

Você já veio para o Brasil diversas vezes, tanto com o Aerosmith quanto com o Hollywood Vampires e agora, o projeto solo. O que aprendeu por aqui? Lembro-me das primeiras vezes em que tocamos no Brasil. E também de quando tocamos nos Açores e em Lisboa, Portugal. Enfim, em diversos lugares do mundo. Acho que a última vez que estivemos em São Paulo, ficamos entre dez e doze dias porque o nosso palco havia quebrado na Bolívia. Foi ótimo e eu amei. Nesses 50 anos de carreira, descobri uma linguagem comum que não é diferente dos trovadores de 1400, quando eles iam de cidade em cidade. Você deixa de ser um cara local para se tornar um cidadão do mundo. É assim que vejo o que fazemos e o resultado é uma linguagem universal. Podemos tocar nossa música na Rússia, na Cidade do México ou em Toronto que o público vai reagir da mesma maneira. Gosto de pensar nisso como uma maneira de unir o mundo. Acho que isso foi a coisa mais importante que aprendi nesses últimos 50 anos.

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