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Por Felipe Branco Cruz
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Cantora denuncia machismo no rock: “Pediam para tirar o sutiã”

VEJA conversou com a vocalista é líder do Halestorm, Lzzy Hale, sobre o lançamento do novo disco 'Back From The Dead' e também sobre o sexismo no gênero

Por Felipe Branco Cruz Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 6 Maio 2022, 14h04 - Publicado em 6 Maio 2022, 13h59

O Halestorm, banda fundada pela guitarrista e cantora Lzzy Hale e por seu irmão Arejay Hale quando eles eram adolescentes, é aquele típico caso em que os laços que mantêm o grupo unido vão além da simples afinidade musical. Separados pela pandemia, Lzzy, Arejay e os outros dois integrantes, Josh Hottinger e Josh Smith, nunca haviam ficado tanto tempo longe dos palcos quando nos últimos dois anos. Nesse período, para manter a sanidade, Lzzy escreveu sem parar. O resultado é o álbum Back From The Dead, que chega aos serviços de streaming nesta sexta-feira, 6.

Em entrevista a VEJA por vídeo, Lzzy falou sobre o processo de composição do novo disco, com faixas que falam sobre saúde mental e fé na humanidade, mas também falou sobre como ela imagina o rock nos próximos anos e o sexismo que ela enfrentou nos primeiros anos de banda. Leia a seguir os principais trechos.

Vocês gravaram o novo álbum durante a pandemia. O título: Back From The Dead é uma referência a esse período? O título já existia. Já estávamos escrevendo o álbum antes que o mundo mudasse. Apenas que as coisas se tornaram um pouco mais reais. Durante a pandemia, eu comecei a escrever músicas como uma forma de terapia e combater tudo o que estava acontecendo no mundo. Precisávamos continuar mantendo a fé na humanidade e a esperança de que conseguiríamos superar. Sobre a música que dá nome ao disco, Back From the Dead: ela é um grito na guerra pela sobrevivência. Não é especificamente sobre a Covid. Aprendi muito sobre as armas que tenho no meu arsenal para navegar na bagunça que está dentro da minha cabeça.

De que maneira a pandemia afetou a criatividade e a saúde mental dos integrantes da banda? Fundei a banda quando eu tinha 13 anos e esse foi o mais longo período que ficamos sem fazer show. Fiquei sem a camaradagem dos meus companheiros de banda. Foi meio assustador porque a banda é uma extensão de mim mesmo. Ela é uma grande fonte de alegria e autoconfiança. Eu tive que me olhar de uma maneira diferente e talvez algumas coisas na minha cabeça tenham sido reveladas que talvez eu não tivesse realmente lidado desde que eu estava no ensino médio. Este álbum é a minha jornada para sair dessa escuridão. Passei por um estado depressivo. Tive ansiedade e alguns ataques de pânico que eu não tinha desde que eu estava na escola. A música é a minha terapia.

A banda Halestorm
A banda Halestorm (//Divulgação)

Já disseram que Halestorm é uma das poucas bandas da atualidade que ainda mantêm a “chama do rock acesa”. O que acha dessa afirmação? Acho que o rock está exatamente onde ele deveria estar agora. O rock deveria se manter sujo, nos esgotos e no subsolo. Estamos meio que botando nossas cabeças para fora do esgoto de novo. Músicos de outros gêneros, como o pop, rap, country, sei lá, querem ser estrelas do rock. Todo mundo quer usar uma jaqueta de couro. Eu sinto muito orgulho de fazer parte do gênero. Eu comecei a tocar hard rock para impressionar meu namoradinho, aos 14 anos de idade. É ótimo ver jovens descobrindo isso pela primeira vez também. Algumas pessoas que já foram em nossos shows nos disseram que foi a primeira vez que eles viram um show de rock. Como eu disse, eu acho que estamos exatamente onde deveríamos estar.

Por outro lado, você sente que os fãs mais velhos de rock estão menos rebeldes e mais conservadores? O rock perdeu muito do seu perigo. Antes, éramos um gênero perigoso. E os nervosos eram as estrelas pop. Hoje esse papel é ocupado pelo rap. O lado bom é que muitas bandas novas que estão surgindo querem manter o rock sujo. Eu sinto que o rock vai ficar mais “perigoso” nos próximos anos.

A despeito de seu talento musical, doze anos atrás, você foi indicada por uma revista para concorrer na categoria de “garota mais quente do metal”. Um concurso como esse, hoje é considerado sexista. De fato, o rock sempre foi um ambiente sexista. Que dificuldades você enfrentou na sua carreira apenas por ser mulher? Eu enfrentei mais obstáculos do que meus colegas homens. No começo, quando me viam, não acreditavam que eu fazia parte de uma banda de rock. Eu lembro de carregar meus equipamentos para um show em um pequeno clube e alguém dizer: “Olha, que legal! Minha namorada nunca carregou meus equipamentos”, supondo que eu era a namorada de alguém. Ou que eu era apenas a garota que vendia as camisetas da banda. Ninguém presumia que eu poderia estar no palco. Outras pessoas, quando me viam no palco, sugeriam que eu simplesmente tirasse meu sutiã porque era isso que eles realmente queriam ver. Sobre esse concurso, eu participei mesmo. Hoje, realmente, parece datado. Não fazem mais isso. Mas, eu tinha uma escolha: eu poderia não participar. Naquela época me pareceu uma maneira de divulgar o nome da banda. Hoje eu já provei que estou onde eu deveria estar.

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Você sente que as coisas estão mudando com relação às mulheres no rock? Com certeza. Alguns anos atrás, eu era a única garota da turnê. Ou a única mulher na programação de um festival. Agora há muitas mulheres no rock e nos line-ups de festivais. O importante, no entanto, é que as mulheres estejam presentes não apenas como parte da banda, mas também trabalhando na iluminação, cuidando do som, produzindo.

Agora que o mundo voltou ao normal, o que você mais gostou de voltar a fazer e que tinha parado por causa da pandemia? A minha resposta pode soar meio anticlímax, mas eu gostei de voltar a fazer coisas simples, como sentar num bar e tomar uma cerveja e conversar com estranhos. Eu realmente gosto disso. Gosto também de fazer longas viagens de carro. E, claro, amo comer. Então, eu gostei de voltar a sair para conhecer novos restaurantes e não ter o prato entregue na porta da sua casa.

O Halestorm já esteve várias vezes no Brasil. Que recordações você tem do país? Eu amo tanto o Brasil! Minha primeira recordação é de sair do avião, acho que em 2012, estávamos lançando nosso segundo álbum e não éramos tão conhecidos assim. Foi uma surpresa, portanto, encontrar uma tonelada de fãs no aeroporto. Os promotores nos deram quatro seguranças, mas a gente achava que não iria precisar disso, até ver quantos fãs nós tínhamos aqui. Outra coisa que não esqueço, foi um flashmob em um dos nossos shows. Quando tocamosI Miss The Misery, a plateia levantou plaquinhas com a letra da música. Foi uma baita surpresa, que eu amei. Ninguém nunca havia feito isso pela gente no resto do mundo. Mal posso esperar para voltar. porque já faz muito tempo.

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