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Cuidado com a renúncia de Temer que você deseja: ela pode se realizar

A queda do presidente não passaria de um paliativo seguido de um caos ainda maior num cenário com desdobramentos imprevisíveis

Por Maicon Tenfen Atualizado em 29 Maio 2018, 07h49 - Publicado em 29 Maio 2018, 07h43

O que ainda querem os caminhoneiros que insistem na paralisação?

Se a pergunta já fazia sentido no final da semana passada, agora mesmo é que ela tem toda a razão de ser. Os caminhoneiros ganharam muito mais do que esperavam do Governo Temer, que fez uma “chupeta” nos cofres públicos para reduzir artificialmente o preço do diesel. Acreditou-se em determinado momento que os grevistas sofreriam a fúria dos militares — responsáveis por dar um basta na “bagunça” —, mas a dramaticidade da ameaça presidencial ficou aquém do que aconteceu na prática. Conclusão: os caminhoneiros levaram à vitória um movimento com forte apoio popular (ou “desapoio” ao governo, o que dá no mesmo). É, rapazes, vocês venceram, parabéns, viva! Por que continuam fazendo churrasquinho de gato no acostamento?

A explicação se encontra no cansaço dos brasileiros com os políticos que estavam, estão e fatalmente estarão empoleirados no Estado para trabalhar em benefício próprio. Alimentados por fake news ou fatos concretos, infiltrados por oportunistas ou agindo por conta própria, os caminhoneiros acabaram canalizando os desejos de mudança que atravessam a nação. Pelos grupos de WhatsApp, alimentam a velha fantasia da intervenção militar, ou simplesmente apostam numa renúncia humilhante de Temer, ou ainda bradam por uma derrubada pura e simples do presidente, sem nunca explicar como isso aconteceria. “Mudança” é a palavra de ordem, não importa para o quê, algo estimulante e extremamente perigoso.

Mas existiria clima para uma virada tão drástica? Não a 5 meses das eleições, ainda que Temer e seus ministros tenham perdido um importante aliado contra os efeitos da greve: a polarização esquerda x direita. Quando é possível caracterizar um movimento como “de esquerda” ou “de direita”, o governo pode agir — ou deixar de agir — com o apoio de metade da população. Lutando uns contra os outros, salvaguardamos a roubalheira do PT, PSDB, MDB e afins. Isso não ocorreu com a greve dos caminhoneiros, e é saudável perguntar se ocorrerá com a paralisação dos petroleiros e outras categorias. Significa que os brasileiros estão olhando juntos para o seu verdadeiro inimigo, o rodízio de poder entre os VELHOTES FOMINHAS de Brasília.

Existe um ditado que deve ser lembrado nessas horas: “cuidado com o que deseja, você pode conseguir e se arrepender depois”. Michel “Não-Renunciarei” Temer não pode cair pelo simples fato de que sempre esteve no chão. Governo-tampão sem propósito ou serventia, foi incapaz de segurar as pontas até as próximas eleições. Quem assumiria em seu lugar? Rodrigo Maia? É essa a “mudança” desejada? E o rodízio dos velhotes, não continuaria? Estamos numa situação tão complicada que — triste, mas verdade — a queda do presidente não passaria de um paliativo seguido de um caos ainda maior num cenário com desdobramentos imprevisíveis.

O Governo Temer é tão ruim que não serve nem para ser derrubado.

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