Temer chama a polícia para acabar com a greve
Pelo direito a comer e trabalhar para pagar o preço da rendição do governo
Duas verdades. A primeira: por fraco, o governo deu aos caminhoneiros tudo o que pediram e nem assim eles voltaram ao trabalho. A segunda: sem saber mais o que fazer, o presidente Michel Temer chamou a polícia para acabar com a greve.
A respeitar-se a lei, a polícia não pode sair por aí prendendo os grevistas ou seus mentores. Há que se abrir inquéritos primeiro. Eles avançam lentamente, exigem investigações, cobram interrogatórios de suspeitos, recolhimento de provas, e coisa e tal.
Salvo em flagrante, prisões só podem ser feitas mediante ordem judicial. De maneira que o governo pode acenar com o xilindró para meter medo nos grevistas, mas não pode ir muito além disso. É assim no Estado de Direito. Temer é advogado e entende do riscado.
Mas isso não impede que o governo recorra à Justiça e que ela decrete, por exemplo, a ilegalidade da greve. O brasileiro pagará o preço da incúria de um governo que, embora avisado, não se preparou para o que viria. Que possa em troca, pelo menos, comer e trabalhar.