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Sarney, meu tipo inesquecível

Na última terça-feira, o “homem incomum” vetou o nome do deputado Pedro Fernandes (PTB-MA) que já havia sido anunciado como novo ministro do Trabalho

Por Ricardo Noblat Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 6 jan 2018, 08h00 - Publicado em 6 jan 2018, 08h00
Sarney sois rei (Antonio Lucena/VEJA)

Vestido preto no armário, sofá branco na sala de estar e José Sarney no poder têm algo em comum: funcionam.

Que não se espere deles nenhuma surpresa. No mais das vezes seu desempenho é mediano. Mas como seria difícil imaginar o mundo sem eles…

É por isso que Sarney pode dar-se ao luxo de repetir que já se aposentou da política, que não se mete mais em nada, que lhe atribuem uma importância que já não tem…

Sarney pertence à categoria das coisas básicas. como o vestido preto e o sofá branco. E não dá qualquer sinal de que deseje renunciar a tal condição.

Nascido José Ribamar Ferreira de Araújo Costa, amputou do nome o Ribamar e o Ferreira, insinuou-se na política como um renovador dos seus métodos e dela nunca mais saiu.

Foi como governador do Maranhão que o conheci, em abril de 1970, na inauguração da Usina Boa Esperança, no Piauí. Estava a poucos dias do fim do seu mandato.

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Nunca mais o perdi de vista – quando nada porque meu tio, dom José de Medeiros Delgado, era arcebispo do Maranhão. Foi ele que casou Sarney com dona Marly, batizou Roseana e casou-a com Jorge Murad.

Quando Sarney era presidente da República, critiquei-o sem piedade em artigos no Jornal do Brasil. Meu tio me dizia então: “Se você pensa que irá derrubá-lo, fique sabendo que ele sobreviverá a nós dois juntos”.

Ao meu tio, sobreviveu. Ao regime militar de 64, do qual divergiu a princípio, também. Aliou-se aliou a ele para, depois de 21 anos, ao pressentir seu ocaso, afastar-se a tempo de pular no barco da oposição e, por um capricho do destino, ascender à presidência da República.

Foi o presidente que alcançou a maior taxa de popularidade por ter congelado preços e salários para sufocar a inflação. Foi também o único presidente apedrejado depois que os “fiscais de Sarney” descobriram que haviam sido enganados.

“Aquele foi o maior erro que cometi na vida”, contou-me certa vez já como senador do Amapá. Sim, porque como o PMDB do Maranhão lhe negara abrigo para que fosse candidato ao Senado, ele encontrou-o no Amapá. Ali, se quisesse, hoje, disputar um novo mandato, seria imbatível.

Por três vezes – ou foram quatro? – presidiu o Senado. Deu as cartas durante os 14 anos e poucos meses do PT no poder. E ganhou de Lula o título de “homem incomum”.

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Não foi pouca coisa. Antes, Lula o chamara em público de ladrão.

Na última terça-feira, o “homem incomum” vetou o nome do deputado Pedro Fernandes (PTB-MA) que já havia sido anunciado como novo ministro do Trabalho. Fernandes simplesmente recusou-se a beijar sua mão antes de assumir o cargo.

O presidente Michel Temer justificou assim a aceitação do veto: “Devo muito a Sarney, sabe…”.

Quem não deve algo a Sarney, prestes a completar 89 anos de idade?

Vestido preto, sofá branco e Sarney estão acima e a salvo da conjuntura. São itens atemporais.

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