
E não é que desde novembro do ano passado que a Polícia Civil do Rio estava de posse das planilhas com os registros de entrada de visitantes no condomínio da Barra da Tijuca onde moravam à época o recém-eleito presidente Jair Bolsonaro e o policial aposentado Ronnie Lessa, acusado de ter matado Marielle Franco?
Portanto, ela sabia ou poderia ter sabido que no dia do crime um tal de Élcio pedira licença à portaria para ir até à casa de Bolsonaro. E que sua entrada no condomínio fora autorizada. Élcio Queiroz, também policial aposentado, foi quem dirigiu o carro que levou Lessa até à cena do crime no centro da cidade.
Quer dizer: pelo menos há um ano havia sinal de que Bolsonaro poderia ver-se envolvido no caso de Marielle – e a polícia não informou ao Ministério Público. Só informou em março último. E só no dia 17 de outubro passado, procuradores informaram ao ministro Dias Toffoli, presidente do Supremo Tribunal Federal.
De resto, a descoberta de que a polícia tinha as planilhas há tanto tempo contradizem a recente versão do Ministério Público de que só teve acesso aos documentos em 5 de outubro passado, quando afirma ter apreendido o material na portaria do condomínio. Mas não é só, e nem é o principal.
O inquérito que investiga a morte de Marielle deveria ter sido paralisado tão logo se soube que o nome de Bolsonaro poderia vir a ser mencionado, o que ocorreu quando o porteiro do condomínio assim o fez. Bolsonaro tem direito a foro privilegiado desde que tomou posse. Só o Supremo pode investigá-lo.
Ou a polícia e o Ministério Público do Rio foram apenas relapsos, o que já seria muito grave, ou a princípio tentaram proteger Bolsonaro, o que seria mais grave ainda. Quanto a Toffoli, só depois da reportagem do Jornal Nacional, há uma semana, foi que mandou que o inquérito prossiga.
A qualquer momento, sob o pretexto de que a Polícia Civil do Rio e o Ministério Público não darão conta de esclarecer a morte de Marielle, o Superior Tribunal de Justiça poderá federalizar o inquérito. Significa que ele ficará aos cuidados da Polícia Federal, órgão subordinado ao Ministério da Justiça de Sérgio Moro.
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