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O primeiro blog brasileiro com notícias e comentários diários sobre o que acontece na política. No ar desde 2004. Por Ricardo Noblat. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
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O peso (leve) do PMDB

Memórias do blog

Por Ricardo Noblat Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 23 jan 2018, 12h00 - Publicado em 23 jan 2018, 12h00
pmdb
(Divulgação/Divulgação)

(Artigo publicado em 23/01/2012)

Que houve? Agenda cheia? Esquecimento? Descortesia calculada? Ou indo além: simplesmente desprezo?

Michel Temer, 71 anos, vice-presidente da República, foi operado no último dia três no Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em São Paulo, para a retirada de pedras da vesícula.

Sabe o grau de atenção que lhe dedicou a presidente Dilma?

Grau zero.

Temer ficou de três a quatro dias no hospital. Depois foi para sua casa na capital paulista. Enquanto se recuperava para voltar ao Palácio do Jaburu, às margens do Lago Paranoá, em Brasília, Dilma esteve duas vezes em São Paulo. Não o visitou.

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O mais formidável: não lhe deu um único telefonema.

Na terça-feira passada, o nome de Temer apareceu na agenda oficial de audiências concedidas por Dilma. Não foi a primeira vez que ela o recebeu. Foi a primeira vez que o nome dele ganhou espaço na agenda.

Para quê? Para sugerir que Temer seria ouvido sobre a reforma ministerial.

Era só o que faltava!

Temer usufrui o que o ex-general Ernesto Geisel, o penúltimo presidente da República do regime militar de 64, chamou de “as miçangas do poder” – mas é só. Dê-se por satisfeito.

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Seu papel é decorativo e protocolar. Não participa de decisões relevantes – fica sabendo delas depois.

Dilma comunicou a Temer que a reforma se limitaria à substituição de Fernando Haddad por Aluizio Mercante no ministério da Educação – e de Mercadante por um técnico no ministério da Ciência e Tecnologia.

Fernando Haddad (PT)
Fernando Haddad (Heitor Feitosa/VEJA.com)

Lula fez Haddad ministro do governo Dilma. Tirou-o de lá para disputar a prefeitura de São Paulo.

Não foi a reforma dos sonhos de Dilma. Nem a dos partidos.

Dilma sonhou com uma reforma que implicasse na troca de ministros, na extinção pura e simples de alguns dos atuais 38 ministérios e na fusão de outros.

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Acabou forçada pela imprensa a demitir por antecipação seis ministros envolvidos com supostos malfeitos.

Por fim, Lula (sempre ele) deteve a mão de Dilma antes que ela baixasse com o cutelo sobre o pescoço de outros auxiliares.

Que diabo você imaginava fazer, Dilminha? Um assassinato em massa?

Queria acabar abandonada pelos partidos reunidos com tanto trabalho para apoiá-la?

O PT quis emplacar o sucessor de Mercadante no ministério da Ciência e Tecnologia. Aí foi Dilma que não deixou e emplacou seu próprio candidato.

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Dilma quis trocar Mário Negromonte, ministro das Cidades da cota do PP, por Márcio Fortes, seu queridinho. Aí foi o PP que não deixou.

Partido algum desejou tanto a reforma quanto o esvaziado PMDB, dono da segunda maior bancada de deputados federais e da primeira de senadores.

O PT exibe um vigoroso plantel de 13 ministros. O PMDB, de cinco – Agricultura, Minas e Energia, Previdência, Turismo e Assuntos Estratégicos.

Os cinco valem pouquíssimo. Nenhum faz política pública capaz de mudar a vida das pessoas. Ou melhor: o de Minas e Energia faz.

Ministro de Minas e Energia, Edison Lobão
Ministro de Minas e Energia, Edison Lobão (ABR/VEJA)

O ministro, ali, é Edison Lobão, senador do PMDB do Maranhão. Mas o ministério é feudo de Dilma.

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Porque sabe disso, Lobão se dá bem com ela e vai sobrevivendo.

A maioria dos ministros não se dá bem com Dilma.

Correção: Dilma não se dá bem com a maioria dos ministros. Prefere governar com os secretários-gerais dos ministérios – parcela expressiva deles escolhida por ela.

Dilma escalou no mínimo quatro dos cinco secretários de ministérios do PMDB.

Cresce de forma velada a chiadeira de políticos e de partidos com a presidente. E até o PT não deixa de chiar pelos cantos.

Afinal, quem gosta de ouvir desaforos? Quem tolera ser humilhado? Quem se conforma em ser mantido à distância? Nem mesmo Luíza, que estava no Canadá.

Conseqüências? Por enquanto nenhuma.

Que Dilma continue tocando tudo ao seu modo – desde que Lula concorde, naturalmente.

Com a economia nos trinques, o brasileiro está bestificado. E a popularidade de Dilma sobe como um foguete. Mais adiante…

Bem, mais adiante o PMDB se dividirá. Outros partidos abandonarão o governo. E a eleição de 2014 talvez não seja tão fácil para o PT como foi a mais recente.

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