E assim se passou exatamente um ano. No dia 12 de julho de 2017, o juiz da 13ª Vara Federal do Paraná Sérgio Moro condenou Lula a 9 anos e seis meses de prisão pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do tríplex do Guarujá.
Ontem, 12 de julho do ano da graça de 2018, o juiz substituto da 10.ª Vara Federal do Distrito Federal Ricardo Leite absolveu Lula da acusação de ter tentado obstruir a Justiça mediante a compra do silêncio de Nestor Cerveró, um dos delatores da Lava Jato.
Lula reagiu à sua condenação no ano passado se dizendo inocente, cobrando a apresentação de uma única prova de que o tríplex fora seu e acusando Moro de persegui-lo. Encarcerado em Curitiba, por ora ainda não se ouviu uma palavra de Lula sobre sua absolvição.
O homem que se compara ao mártir Tiradentes e que afirma inexistir sobre a face da terra um único ser mais inocente do que ele, não poderá doravante se exibir como um perseguido pela Justiça. No máximo, como um perseguido por Moro.
É verdade que Lula não foi condenado só por Moro. Foi também por mais quatro desembargadores de Porto Alegre, e duas vezes. Teve sua pena aumentada por eles para 12 anos e um mês de cadeia. E perdeu nos tribunais superiores todos os recursos para ser solto.
O único juiz que acreditou até agora em sua inocência e tentou soltá-lo militou no PT durante 19 anos. Fez sua carreira profissional à sombra do PT. E deve o cargo de desembargador no tribunal de Porto Alegre à ex-presidente Dilma Rousseff.
Há um ano, teve ministro do Supremo Tribunal Federal (alô, alô, Marco Aurélio Mello!) que previu que o país pegaria fogo se Lula fosse condenado. Repetiu o alerta quando Lula finalmente foi preso. Não houve incêndio até agora. O país vai mal por outras razões.
Lula ainda responde a mais seis processos – um deles, pelo menos, o do sítio de Atibaia, repleto de provas que poderão condená-lo. Vida que segue.