Black Friday: Revista em casa a partir de 8,90/semana

Noblat

Por Coluna Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
O primeiro blog brasileiro com notícias e comentários diários sobre o que acontece na política. No ar desde 2004. Por Ricardo Noblat. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
Continua após publicidade

O calibre do perigo  (por Hubert Alquéres)

Democracia em perigo

Por Hubert Alquéres
Atualizado em 30 jul 2020, 18h59 - Publicado em 22 abr 2020, 10h00
  • Seguir materia Seguindo materia
  • A reação das instituições aos constantes ataques à democracia brasileira mudou de patamar. Dois fatos são indicadores desta situação.

    O ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, aceitou o pedido do Procurador Geral da República, Augusto Aras, um aliado do presidente, de instalação de inquérito para investigar os atos pró-ditadura realizados em frente a quartéis. Um deles com a presença de Jair Bolsonaro, ao lado dos portões de entrada do Quartel General do Exército em Brasília onde se situa o Gabinete do Comandante do Exército.

    As Forças Armadas, por sua vez, se distanciaram do discurso contra a democracia. Após consulta aos comandantes das três armas, o ministro da Defesa, Fernando Azevedo, divulgou nota oficial, reafirmando sua obediência à Constituição, como tem se pautado desde a redemocratização do país.

    Não se pode subestimar esses dois fatos. Eles rompem com o ciclo de se contrapor à escalada autoritária apenas por meio de declarações.

    O Procurador Geral da República teve de se movimentar. Mesmo que sejam procedentes as suspeitas, de que teria blindado previamente Bolsonaro ao excluí-lo do escopo do inquérito e apenas investigar a autoria dos atos, seu pedido visou atender à pressão da sociedade civil para que a democracia acione seus mecanismos de defesa.

    Continua após a publicidade

    À primeira vista, o presidente não teria com o que se preocupar por não ser objeto da investigação. Mas não é bem assim. O que Ulysses Guimarães dizia das CPIs vale para outros tipos de investigações: é possível saber como começam, mas não como terminam. Ao investigar a autoria e quem financiou os atos, o inquérito pode chegar a parlamentares ligados ao governo e ao chamado gabinete do ódio.

    E se as investigações chegarem ao seu núcleo familiar?

    Há um precedente de um presidente que não era alvo de investigação mas foi letalmente atingido por uma delas. Getúlio Vargas não era objeto do IPM instalado para investigar o atentado a Carlos Lacerda, mas quando as investigações chegaram ao seu irmão Benjamin Vargas, seu governo chegou ao fim de forma dramática.

    Continua após a publicidade

    O atual inquérito tem potencial para agravar a instabilidade de um governo que não conta com base parlamentar sólida e vive em guerra declarada com Congresso Nacional e o Supremo.

    Nos tempos da ditadura, costumava-se interpretar os pronunciamentos dos militares por suas entrelinhas. Desde a redemocratização as Forças Armadas se mantiveram em silêncio sobre questões não afetas às suas atividades profissionais. Se voltaram a marcar posição é porque vivemos tempos anormais, agravados pela grave pandemia que se abate sobre a saúde pública.

    Como no passado, é preciso entender o contexto da nota oficial desautorizando as manifestações.

    Continua após a publicidade

    Na noite de domingo o núcleo militar do governo, do qual participa o próprio ministro da Defesa, ainda não havia visto nada de anormal na participação do presidente em um ato no qual se pregava o AI-5, o fechamento do Congresso e do STF. Apenas acharam que Bolsonaro se empolgou. O chamado núcleo militar não tinha captado a enorme insatisfação da cadeia de comando das três armas com os atos, bem como de militares de alta patente que não fazem parte do governo.

    A pregação em frente aos quartéis foi mais um passo na politização da tropa, porta pela qual a quebra da disciplina e da hierarquia sempre adentrou.

    Os militares sentiram o calibre do perigo de serem arrastados para uma aventura por causa do canto fúnebre que o marechal Castelo Branco chamou de vivandeiras e que desde 1930 rondam os quartéis. Nas entrelinhas mandaram seu recado: “As Forças Armadas são instituições de Estado, não de governo”.

    Continua após a publicidade

    Esse é o lado positivo. As Forças Armadas parecem não estar dispostas a abrir mão do ativo conquistado a duras penas: o respeito e a admiração dos brasileiros por se aterem às suas funções definidas pela Constituição. Se o presidente extrapolar e apelar para estado de sítio, receberá o mesmo não que os militares deram a Dilma quando a então presidente pretendeu abortar seu impeachment com a decretação de estado de defesa.

    O lado ruim é que temos um presidente que assume o papel de vivandeira e vai para frente de quartel para fazer questionável discurso político, um ato que pode ser qualificado como crime de responsabilidade.

     

    Hubert Alquéres é membro da Academia Paulista de Educação. Escreve às 4as feiras no Blog do Noblat. 

    Publicidade

    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Semana Black Friday

    A melhor notícia da Black Friday

    BLACK
    FRIDAY

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    Apenas 5,99/mês*

    ou
    BLACK
    FRIDAY
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (a partir de R$ 8,90 por revista)

    a partir de 35,60/mês

    ou

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.