Mais acertado seria dizer que no meio do caminho de Paulo Guedes, ministro da Economia e ex-Posto Ipiranga do governo, tem uma rocha. E uma rocha difícil de ser movida. Na semana passada, o presidente Jair Bolsonaro disse que o auxílio emergencial seria prorrogado até o fim do ano, mas que não poderia ser mais de 600 reais. Talvez fosse metade disso.
Ou Guedes não quis acreditar no que escutou ou discordou da promessa. Em conversa, ontem, com Bolsonaro, propôs um auxílio de 270 reais. Antes pensava em 200 reais. O presidente aborreceu-se, mandou ele repensar a proposta e cancelou o anúncio marcado para hoje do pacote de medidas econômicas e sociais embrulhado por Guedes. Aplicou um duplo corretivo no ministro.
É para ser do jeito que ele imagina. E Guedes havia marcado o anúncio para hoje sem consultá-lo, nem ao general Braga Neto, chefe da Casa Civil da presidência da República. Para deixar Guedes ainda mais desconfortável, Bolsonaro anunciará, hoje, o programa Casa Verde e Amarela, do ministro Rogério Marinho, do Desenvolvimento Regional, ex-parceiro e agora rival de Guedes.
Salvo pequenas mudanças, o Casa Verde e Amarela é o antigo Minha Casa, Minha Vida, lançado no final do segundo governo de Lula. Bolsonaro se entusiasmou com a ideia de se apropriar de marcas do PT para pavimentar seu projeto de reeleição. Sua recente opção preferencial pelos pobres poderá render-lhe o segundo mandato. É isso o que espera, Guedes concorde ou não.