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Do Koln Concert ao Standards Trio de Keith Jarrett

Comemorando os 35 anos de existência do Standards Trio, a ECM lança, no dia 2 de março próximo, mais um álbum duplo do grupo, After The Fall

Por Flavio de Mattos
Atualizado em 19 jan 2018, 15h00 - Publicado em 19 jan 2018, 15h00
Keith Jarrett (//Divulgação)

O álbum The Koln Corcert (1975), de Keith Jarrett é uma verdadeira lenda na história do jazz. Gravado ao vivo na Casa de Ópera de Colônia, na Alemanha, o disco vendeu mais de 3,5 milhões de exemplares, tornando-se o álbum de piano solo mais vendido no mundo, em qualquer gênero. Com The Koln Concert, Keith Jarrett instituiu um novo gênero de solo para o piano, formado por peças extensas, livres e criadas de improviso no momento da performance.

E o famoso concerto de Colônia quase não aconteceu. O estresse que ele gerou foi tão grande que Jarrett quis cancelar a apresentação. O músico conta que chegou naquele mesmo dia à cidade e foi levado, em um imenso Rolls Royce, até o auditório. Chegando lá, o susto: “No palco, havia um piano de ensaio Bösendorfer, de tamanho menor que o normal, e seu som parecia o de um cravo elétrico distorcido”, segundo o músico.

O concerto de Colônia era parte de uma turnê europeia de Keith Jarrett, organizada pelo produtor Manfred Eicher, fundador da gravadora alemã de jazz ECM. Já estava acertado que ele seria gravado ao vivo, para a publicação em disco. A sala já estava toda preparada, com o equipamento de som montado, e o piano não poderia mais ser trocado, porque o caminhão do transporte tinha sido dispensado.

“Naquela altura, devo ter xingado todo tipo de palavrão”, lembra Jarrett. “No entanto, Manfred e eu, em uma espécie de loucura, decidimos que faríamos o concerto e que gravaríamos a apresentação, ainda que a fita ficasse somente para nós mesmos escutarmos”. “Eu pensei: Não importa como essa porcaria de piano vai soar, eu tenho que é tocar, e toquei”.

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Keith Jarrett relata que, de repente, sentiu algo interessante acontecendo, quando se sentou ao piano. Ao músico parecia como se a plateia ali estivesse para vivenciar uma experiência extraordinária. “O que aconteceu foi que esse piano me obrigou a tocar de um jeito diferente do que seria o normal”, explica Jarrett. “De alguma maneira, eu senti que devia tirar partido das características positivas que ele pudesse ter. Foi o que eu procurei fazer e deu certo”.

Nascido em 1945, Keith Jarrett foi uma criança prodígio, que começou a estudar o piano com menos de três anos de idade, quando ainda estava acabando de aprender a falar. Aos cinco, já aparecia na televisão americana, em programas de variedades para novos talentos. Com sete anos apresentou seu primeiro recital de piano, tocando peças de Mozart, Bach, Beethoven, além de duas composições próprias. Aos 15, deixou as aulas de piano clássico para se dedicar ao jazz.

Keith Jarrett começou a ganhar visibilidade no mundo do jazz aos 21 anos, tocando com o quarteto do saxofonista Charles Lloyd. Foi nesse grupo que ele chamou a atenção do trompetista Miles Davis, que o contratou para sua nova banda fusion de jazz rock. Jarrett esteve com Davis nos anos de 1970 e 1971, podendo ser ouvido com seus teclados no álbum Miles Davis at Fillmore, por exemplo.

Em 1971, Keith Jarrett gravou seu primeiro álbum de piano solo para o selo ECM, sob a produção de Manfred Eicher, Facing You. O repertório é formado por oito peças curtas, compostas por Jarrett, constituindo quase uma suíte. O álbum já adianta a tendência de trabalhos solo, que definiriam a trajetória de Jarrett.

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Em 1983, Keith Jarrett formou seu Standards Trio, com o baixista Gary Peacock e o baterista Jack DeJohnette, por sugestão do produtor alemão Manfred Eicher. O grupo dedicou-se a recuperar os grandes temas da dos musicais da Broadway, dos anos de 1930, 40 e 50. Tocar os clássicos da canção americana, na época, estava “fora de moda”, o que Jarrett considerava um absurdo. “Esse era um material tão fantasticamente bom, que eu não compreendia porque todo mundo o ignorava”.

O trio Jarret, Peacock e DeJohnette lançou dois discos simultâneos naquele ano, Standars, Vol. 1, que tem em seu repertório a peça All The Things You Are, e o Standars, Vol. 2, com o tema I Fall In Love Too Easily, entre outras canções. Juntos há 35 anos, o Standards Trio de Keith Jarrett gravou 21 álbuns nesse período, entre trabalhos de estúdio e registros ao vivo. O repertório do grupo também varia entre os standards e o material original composto, também, nos improvisos dos próprios músicos.

Comemorando os 35 anos de existência do Standards Trio, a ECM lança, no dia 2 de março próximo, mais um álbum duplo do grupo, After The Fall. Tocando juntos já há tanto tempo, os três músicos desenvolveram uma comunicação quase telepática entre eles. É o que podemos constatar no vídeo a seguir, gravado no Open Theater East, de Tóquio, em Julho de 1993. Nele o Standards Trio apresenta o clássico de Sonny Rollins Oleo.

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Flavio de Mattos é jornalista, escreverá aqui sobre jazz a cada 15 dias. Dirigiu a Rádio Senado. Produz o programa Improviso – O Jazz do Brasil, que pode ser acessado no endereço: senado.leg.br/radio

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