
Como Donald Trump, Jair Bolsonaro é um jogador. A diferença é que Trump, se não tem cartas fortes para ganhar uma parada, e blefar não lhe parece o melhor caminho, recua para não se arriscar a perder mais fichas do que tem. Detesta perder dinheiro.
Bolsonaro, não. Blefa sempre. Blefa até quando não se dá conta de que está blefando. Sempre joga para ganhar, quebrar a banca. Às vezes, ganha. Quando perde, perde muito, mas continua jogando, com a esperança de reaver o que perdeu.
Em meio a uma pandemia, quando mais de 70% dos brasileiros dizem apoiar medidas de isolamento, Bolsonaro se opõe às medidas e as sabota. Quando a vida, em toda parte, é posta em primeiro lugar, ele põe a economia em primeiro lugar.
Para um presidente, nada melhor do que dispor de um ministro bem avaliado pela população à frente do combate ao que ele já chamou de “o maior desafio” da sua geração. Por ciúmes, Bolsonaro demite o ministro e detona mais uma crise fora de hora.
O ex-ministro Luiz Henrique Mandetta irá para casa levando com ele tudo o que se fez até agora para deter o mais perigoso inimigo da humanidade neste início de século – e não foi pouco, e foi o que se poderia fazer sem maiores recursos.
O que acontecer de bom ou de mal daqui para frente deverá ser debitado unicamente na conta de Bolsonaro.