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Cavalo de Troia

JMessias não teme mentir

Por Tânia Fusco
Atualizado em 30 jul 2020, 19h32 - Publicado em 30 jul 2019, 12h00

JMessias, o presidente, despudorou-se. Tomou gosto por desnudar-se – sem filtro, sem cerimônia ou limites. Sem equilíbrio ou qualquer respeito, revela-se em praça pública. E agride, fere. “Um dia, se o presidente da OAB [Felipe Santa Cruz] quiser saber como é que o pai dele desapareceu no período militar, eu conto pra ele. Ele não vai querer ouvir a verdade. Eu conto pra ele”, desafiou Bolsonaro ontem, segunda-feira, 29/07.

Fernando Augusto Santa Cruz de Oliveira, o pai de Felipe, foi “desaparecido” em fevereiro de 1974, após ter sido preso no Rio de Janeiro por agentes do DOI-Codi, órgão de repressão da ditadura militar. Fernando era estudante de direito e funcionário do Departamento de Águas e Energia Elétrica em São Paulo. Militava na Ação Popular (AP), uma das organizações de combate à ditadura. Felipe tinha dois anos quando o pai desapareceu.

Ou seja, o nosso presidente, militar reformado, despudoramente, declara ter o histórico de um dos “desparecimentos” de opositores da ditadura oficial que governou o país por 20 anos. Os desaparecidos eram presos políticos mortos na tortura – método de interrogatório usado, então, contra eles, particularmente.

A declaração não é só cruel e inacreditável. É crime. Ou não é crime ter conhecimento de violação da lei e não a denunciar?

Antes que o dia terminasse, o PR usou rede social para tentar escapar de futuros problemas. Escreveu que Santa Cruz foi morto pelo “grupo terrorista” AP, por seus parceiros de luta. Comprovação?

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– De quem eu obtive as informações? Com quem eu conversava na época, ora bolas, despachou o capitão-presidente, enquanto enrolado em panos cortava o cabelo. Assim no modelão gente-como-a-gente.

A Comissão da Verdade apontou oficialmente que o pai de Felipe foi morto por agentes do Estado, na ditadura.

JMessias não teme mentir. Não se intimida com as leis que nos protegem (?) e devem punir mentiras. Parece ter certeza que hoje ele é a lei. Assim, diariamente, desafia o bom senso de seus governados. Diz que beneficiará sim seus filhos. Nepotismo? E daí?  Um dos garotos será embaixador nos States, outro ensaia tornar-se porta-voz do governo.

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Parentes usaram helicóptero do governo para irem ao casamento do filho presidencial. “Vou negar helicóptero e mandar ir de carro?” Simples assim.

Os incomodados que tirem calcinha e cueca pela cabeça.

Disse, sem ficar vermelho, que não há fome no Brasil e que o INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) falseia desmatamentos. Sobre a questão ambiental, vomitou: “Só interessa aos veganos, que comem só vegetal.”

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De língua cada vez mais solta, chamou uma jornalista de feia, outra de mentirosa, classificou pergunta de idiota. De novo, desqualificou sofrimento diante da tortura e 56 milhões de nordestinos, de sete estados. Alagoanos, baianos, cearenses, maranhenses, paraibanos, pernambucanos, piauienses, norte-rio-grandenses e sergipanos foram reduzidos pelo comandante em chefe a um único e debochado gentílico: paraíbas.

Nada acontece.

Na mesma vibe do chefe, e nos mesmos derradeiros dias, a ministra Damares, da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, pôs as calcinhas na mesa e atribuiu à falta delas o aumento dos estupros na Ilha de Marajó, no Pará. Seu colega, Ricardo Salles, do Meio Ambiente, usou rede social para reproduzir propaganda de empresa privada. “Chega de sandália de couro e sunga de crochet… daqui para a frente, só de Chevrolet … kkk”.

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A propaganda em questão enaltece o agronegócio e propõe trocar reclamações sobre a situação do país pelo seu novo carro – um S10 poderoso.

Nada acontece.

Tendo ministros como coadjuvantes, JMessias extrapola. Faz pensar que é tolerado por ser só um cavalo de Tróia, tosco e cruel, posto aqui para chamar a atenção, distrair, enquanto do seu bojo, da barriga, saem invasores, predadores que, aproveitando a distração e a perplexidade geral, desmontam, desfazem, saqueiam e tomam pra si o país.

 Tânia Fusco é jornalista 

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