Candidatos mais ricos conseguirão de novo esconder seus crimes?
Estudo conclui que efeito de escândalos de corrupção nas urnas pode ser atenuado e até mesmo apagado com gastos de campanha
Há décadas se atribui ao brasileiro uma “memória curta”, especialmente quando o assunto é política. O bordão vem à tona com força de dois em dois anos, sempre que é preciso ir às urnas novamente. Uma mala de dinheiro aqui, um punhado de dólares na cueca ali… Parece que tudo pode ser perdoado (ou esquecido) pelo eleitor na hora de digitar o número de seu candidato favorito. Apesar disso, em um ano marcado por escândalos de corrupção que respingaram no presidente Michel Temer e em boa parte do Congresso, da esquerda à direita, muitos acreditam em uma depuração da classe política em 2018. Mas uma pesquisa aponta que no final das contas, tudo depende do dinheiro. Ou ao menos tudo dependia até agora. Segundo o estudo O Custo Político da Corrupção: Escândalos, Financiamento de Campanha e Reeleição na Câmara dos Deputados, dos cientistas políticos Marcus Melo, Ivan Jucá e Lúcio Rennó, a capacidade dos deputados federais envolvidos em escândalos se reelegeram dependeu nas eleições anteriores de quanto eles desembolsaram na campanha.
Ou seja, quanto mais dinheiro um parlamentar tem para bancar propaganda eleitoral e outras despesas do tipo, mais curta fica a memória do brasileiro com relação aos seus malfeitos. E agora, com o fim do financiamento empresarial de campanha determinado pelo Supremo Tribunal Federal, fica a pergunta: será que os parlamentares que estão na mira da Justiça conseguirão fazer o eleitor esquecer?
O estudo conclui que apesar dos deputados afetados por escândalos de corrupção terem uma redução em seu desempenho nas urnas (correndo, em muitos casos, o risco de não se elegerem), esse efeito pode ser atenuado ou e até mesmo apagado com gastos de campanha. A pesquisa abrange os pleitos de 1994 a 2010, e guarda semelhanças com o que pode estar por vir em 2018, tendo em vista que o levantamento contempla as eleições realizadas em meio a um dos mais marcantes casos de corrupção do país, o Mensalão (2005).
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