Brasileiros pagam a conta da política desastrosa da Petrobras
Quase ninguém foi poupado da tesoura governamental.

Ao tentar solucionar a crise provocada pela greve dos caminhoneiros, o governo Temer joga, mais uma vez, a conta de sua incompetência nas costas da população brasileira. Para reduzir o preço realmente abusivo do óleo diesel nas bombas, esse governo propõe subsídios de quase R$ 10 bilhões (R$ 9.580 bi). Mas o dinheiro virá de vários programas governamentais, entre eles setores essenciais – como Saúde, que perde R$ 55,1 milhões, e Educação, que sofre corte de R$ 181.231 milhões.
Mas isso não é tudo. Há redução de investimentos em seguridade social, infraestrutura, ciência e tecnologia, agricultura familiar e reforma agrária, para mencionar apenas alguns. Quase ninguém foi poupado da tesoura governamental. E o pior é que todo esse prejuízo será em vão. A solução definitiva para o aumento desenfreado de derivados de petróleo virá somente com a mudança da política de preços desastrosa da Petrobras, adotada na gestão Temer.
Voltado a atender somente os interesses dos investidores, sem levar em consideração que a Petrobras é uma empresa pública que deveria servir a todos os brasileiros, desde 3 de julho do ano passado os gestores da empresa mudaram a política de preços dos combustíveis. Desde então, incluem no cálculo a variação do dólar e do valor do óleo cru no mercado internacional.
Com isso, nos últimos dois anos, o diesel subiu 56,5%, e a gasolina 53,4%. Foram absurdos 229 reajustes. Não custa lembrar que nos 12 anos de governos do PT os combustíveis foram reajustados 16 vezes.
E, de acordo com a Associação dos Engenheiros da Petrobras (AEPET), ao contrário do que apregoa o governo e a grande mídia, essa nova política de preços nada tem a ver com a valorização da estatal. Pelo contrário. O que o governo busca é favorecer as grandes petroleiras internacionais.
Tanto que, além dos preços exorbitantes que vem praticando, a empresa reduziu o refino de petróleo, e a ociosidade de suas refinarias chegou a um quarto da capacidade instalada. Tudo isso com o objetivo de viabilizar as importações de concorrentes, único ponto em que a política do governo tem se mostrado eficiente. A importação de diesel foi multiplicada por 1,8 desde 2015. Já as compras dos Estados Unidos foram multiplicadas por 3,6, quase quatro vezes mais, conforme a AEPET.
Não bastassem tantos problemas, essa inabilidade do governo vai custar ainda mais para o país. Somente os setores que já divulgaram seus números, calculam perdas entre R$ 75 e R$ 100 bilhões com a greve dos caminhoneiros. A estimativa de crescimento econômico neste ano também foi reduzida, de 2,3% para 2%, por enquanto.
O pior é que tanto sacrifício irá atender, precariamente, somente os interesses de quem utiliza óleo diesel – gasolina e gás de cozinha vão continuar a aumentar no mesmo ritmo alucinante de agora. Não custa repetir, o que se faz necessário é mudar a política atual da Petrobras, de forma a atender a todos os brasileiros.
Tudo isso poderia ter sido evitado se esse governo ilegítimo se lembrasse de que governa para todos os brasileiros. E não somente para atender aos interesses dos grandes investidores, principalmente das grandes empresas internacionais.
Advogado, deputado federal (PT-CE), líder da oposição na Câmara