
De tão abissal é a ignorância do presidente Jair Bolsonaro, ou sua convicção rastaquera de que a preservação do meio ambiente é coisa da esquerda, que ele prometeu acabar com as taxas cobradas pelo governo federal a quem queira visitar o Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha.
Obrigado a calar a boca por três dias depois da extração de um dente, o capitão afastado do Exército porque planejou detonar bombas em quartéis nos estertores da ditadura militar de 64 quebrou o silêncio durante o fim da semana. Valeu-se para isso da sua conta no Facebook administrada pelo garoto Carlos.
Compartilhou um vídeo que mostra deserta a Praia do Sancho, eleita pelo TripAdvisor como a melhor do mundo. E classificou “como roubo praticado pelo governo federal” a cobrança de taxa para visitá-la. Prometeu acabar com isso e pediu que a população denuncie práticas semelhantes em outros locais.
O valor do ingresso no parque é de R$ 106,00 para turistas brasileiros e R$ 212,00 para estrangeiros. Os turistas que vão a Noronha são obrigados a pagar ainda uma taxa de preservação que varia de acordo com a quantidade de dias que passarão na ilha. Ela começa em R$ 73,52.
Não se pode ficar por lá indefinidamente. É limitado o número de moradores da ilha porque ela carece de infraestrutura para abrigar uma população maior. Noronha é uma espécie de santuário mundial das forças da natureza. Como a Amazônia deveria ser, não fosse a devastação que a destrói.
O capitão, que já foi multado por pesca em área proibida, acha que é por causa do que acontece em Noronha e em outros lugares que o Brasil não atrai tantos turistas. Não é possível que falte vida inteligente ao seu redor para aconselhá-lo a respeito de assuntos que ele não domina, e que é quase tudo.