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Agronegócio: estragando o que deu certo (por Roberto Brant)

Revolução agrícola

Por Roberto Brant
Atualizado em 18 nov 2020, 19h57 - Publicado em 17 set 2020, 12h00

Nas últimas décadas acumulamos alguns fracassos, mas no mesmo tempo, fizemos uma revolução agrícola que é um êxito histórico. Há menos de 50 anos a produção agropecuária do Brasil não era sequer suficiente para atender ao nosso ainda pequeno mercado doméstico.

Quem viveu esses tempos lembra da importação de alimentos básicos, do racionamento periódico de feijão, óleo, carne e das infrutíferas tentativas de intervenção do Estado para controlar os preços e o abastecimento.

Hoje exportamos anualmente mais de US$ 100 bilhões para mais de 150 destinos e somos os principais exportadores de alimentos do mundo, sem falar no abastecimento completo do nosso mercado interno de praticamente todos os produtos que necessitamos, com preços que, ao longo do tempo, foram diminuindo em termos reais.

Tudo isto foi fruto predominantemente do empreendedorismo privado, mesmo reconhecendo a contribuição do Estado no setor de pesquisa e de crédito, graças à visão de uns poucos dirigentes públicos, o maior dos quais foi o mineiro Alysson Paulinelli.

A dimensão que tomou o nosso agro é um exemplo das virtudes do livre mercado e da iniciativa privada que deveria sempre nos orientar nas questões da economia. Sem empresários em busca do lucro não há nem crescimento e nem democracia política. Muito menos bem-estar social. Nenhuma sociedade pode viver permanentemente de subsídios e transferências de renda, pois o Estado não pode extrair dinheiro do nada e ninguém pode consumir o que não se produz.

Se o Estado não pode produzir alimentos pode, no entanto, causar sérios danos aos produtores e à produção. Hoje, no Brasil, várias políticas governamentais caminham no sentido de ameaçar o futuro do agro. A primeira delas é a política ambiental e de gestão da questão amazônica.

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Formou-se solidamente na opinião pública internacional a imagem de que o Brasil tem políticas hostis à defesa do meio ambiente e é deliberadamente negligente na proteção da floresta amazônica. Parte desta percepção tem raízes em interesses comerciais e na ação de ativistas políticos, pouco interessados em fatos.

Mas parte importante deve-se a realidades que não devemos negar e a que devemos responder não com atitudes defensivas, mas com ações concretas e visíveis.

Se não provarmos com fatos que somos capazes de cuidar da Amazônia em proveito de toda a humanidade, os mercados externos vão retaliar as exportações brasileiras de produtos do agro. Dado o tamanho de nossa produção qualquer limitação de nossas vendas externas vai provocar graves prejuízos aos produtores e a desorganização de muitas cadeias produtivas. Sem falar nos danos ao nosso equilíbrio cambial, totalmente dependente dos saldos das exportações agrícolas.

Ao lado da questão ambiental, os rumos da nossa política externa, inteiramente orientada por considerações de estreita ideologia, tem potencial para afetar nossos mais importantes mercados.

A China responde hoje por um terço de nossas exportações do agro e o grupo de países islâmicos nos compra cerca de US$ 16 bilhões anualmente. A política externa de um país como o Brasil tem que estar ao lado de nossos interesses comerciais e não se intrometer em contenciosos sem nenhuma relação com nosso horizonte geopolítico. O alinhamento incondicional com o atual governante dos Estados Unidos e o capricho de nos envolver nas questões do Oriente Médio não servem aos nossos interesses econômicos pois nos afastam de nossos principais compradores, em troca de nada.

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Por último, a retórica populista e antiquada que o Governo ensaia diante do aumento dos preços do arroz revela profunda ignorância das condições de mercado, aversão às regras da livre iniciativa e a intenção de criminalizar o lucro, que é o único motivo que leva as pessoas a correr risco e produzir. Por ironia, a produção de arroz é uma das atividades agrícolas menos lucrativas e mais arriscadas do país.

Meio ambiente, política externa e intervenção econômica: é tudo o que o agro precisa para também tornar-se um fracasso no futuro.

 

Roberto Brant escreve no Capital Político. Ele foi deputado federal constituinte por Minas Gerais, secretário de Fazenda no governo Hélio Garcia em Minas, ministro da Previdência e Assistência Social do governo de Fernando Henrique Cardoso. Preside atualmente o Instituto CNA. Escreve nos jornais Correio Braziliense e Estado de Minas.

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