Reforma tributária: pipocam análises sobre o impacto na redução de imposto
Mercado financeiro e outros setores alimentam com estudos e análises os lobistas de plantão no Senado

Governadores, prefeitos, empresários, banqueiros e também médicos, engenheiros, advogados… O lobby está à solta nos corredores do Senado, que promete votar até outubro o projeto de reforma tributária sobre o consumo de bens e serviços. Não foi diferente na Câmara, onde o texto aprovado acabou incluindo uma série de exceções, com a redução da alíquota-padrão do novo IVA (que deve substituir os atuais PIS, Cofins, IPI, ICMS e ISS) para vários setores.
A festa foi tanta que, na hipótese de manutenção do texto votado pelos deputados, o Brasil corre o risco de sair dessa reforma com uma das maiores alíquotas do mundo. Ou seja, os setores “sem lobby” teriam de pagar mais imposto para compensar o que o governo deixaria de arrecadar com as exceções.
Prática comum lá fora e aqui, não é crime fazer lobby, que significa defender uma ideia ou proposta em nome de alguém ou de um grupo maior. Em muitos casos, o que esses executivos têm levado para a avaliação dos senadores são estudos produzidos na Faria Lima e no Leblon, os dois principais eixos do mercado financeiro no País.
Não por acaso, todos esses estudos mostram que o IVA poderá pressionar esses setores com aumento da carga tributária, o que levaria no médio e longo prazos a reajustes de preços generalizados sobre produtos e serviços para o consumidor final.
O Senado tem o desafio de separar o que realmente é importante para a sociedade do lobby feito pelos setores financeiro e empresarial. Se não imperar o bom senso econômico na redação final da reforma tributária, essas pressões podem abrir caminho para um aumento considerável do IVA sobre bens e serviços, privilegiando diversos setores, em detrimento do restante da sociedade.