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Negócios, Mercados & Cia
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Hang: ‘Estamos desacelerando crescimento por causa do cenário político’

'Problemas como a pandemia, a guerra, a inflação e a alta da taxa de juros são momentâneos, mas um caminho político errado pode ser eterno', diz empresário

Por Neuza Sanches Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 16 jul 2022, 17h44 - Publicado em 16 jul 2022, 10h10

À frente da Havan, varejista com faturamento anual previsto de R$ 15 bilhões, Luciano Hang prevê inaugurar só duas novas lojas neste ano – a de número 173 abrirá as portas no próximo dia 23, em Maceió. E ele afirma que o cenário político está por trás dessa cautela. “O empresário, para investir, precisa ter visão a longo prazo e confiança no futuro. Problemas como a pandemia, a guerra na Ucrânia, a inflação e a alta da taxa de juros são momentâneos, mas um caminho político errado pode ser eterno”, diz o empresário, conhecido por ser um ferrenho apoiador do presidente Jair Bolsonaro.

Essa aproximação política, aliás, chegou a ser vista como um risco por investidores que analisaram o processo de abertura de capital do grupo, no ano passado. Hang acabou engavetando o projeto, em um momento em que o mercado se fechava para novos IPOs. Pergunto como ele viu isso: “Desde o começo, eu dizia que seria um ativista político sem partido e sem candidato de estimação”. Acompanhe, a seguir, a entrevista que ele deu à coluna, e na qual falou também sobre alta de juros e inflação e comércio eletrônico.

Como o sr. vê hoje o varejo no Brasil com alta da inflação e dos juros?
A alta dos juros e da inflação corrói a capacidade de compra do consumidor e acaba afetando as vendas, mas a Havan, sendo uma empresa de 36 anos, já passou por tempos parecidos, e até piores. Sabemos como trilhar esses caminhos, sempre buscando produtos que caibam no orçamento dos clientes. No primeiro semestre de 2022, a Havan cresceu 25% e tivemos recorde de vendas e de lucro.

E o que é pior para esse mercado – a inflação ou os juros altos?
Os dois são terríveis para o mercado de varejo, mas o Brasil já está acostumado. Vejo que outros países, onde não existiu inflação por muito tempo e nem juros altos, estão passando por uma situação muito pior do que a do Brasil. Conversando com amigos meus em diversas partes do mundo, vejo que eles não sabem o que fazer e como proceder com o aumento de preços e com a alta de juros. O Brasil, novamente, está preparado, pois foi um dos primeiros a aumentar os juros e está vendo a inflação estagnar. Nós tomamos, no momento certo, as medidas certas e aumentamos as taxas de juros. O que vimos hoje, neste mês de julho, é uma tendência de baixar a inflação e a taxa de juros e aumentar o PIB no Brasil, diferentemente de outros países no mundo que perderam a mão de controlar a inflação através de política monetária. O Brasil saiu na frente mais uma vez e os dados estão aí para comprovar.

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Ano passado, o sr. planejou a abertura de capital da sua empresa. Mas acabou recuando, alegando que aquele não era o melhor momento. Hoje, o sr. já vê possibilidade de voltar ao mercado e abrir capital?
Na época, percebemos que o mercado estava piorando. Tomamos a decisão acertada em parar o processo. A Havan é uma empresa de alto crescimento, forte geração de caixa e ótimo lucro, ou seja, não precisa abrir capital para continuar crescendo. O que vimos naquele momento, em 2020/2021, era uma oportunidade de antecipação de investimento para aumentar ainda mais a velocidade do nosso crescimento. Seguimos crescendo de maneira solo, como estamos fazendo há 36 anos.

Na mesma época em que o sr. cogitou fazer o IPO, alguns analistas disseram que não seria um bom negócio para os investidores dado “o seu risco político”, ou melhor, a sua proximidade com o presidente Jair Bolsonaro. Como o sr. vê isso?
Primeiramente, discordo dessa análise, pois desde 2018, quando me tornei ativista político, a Havan continua crescendo sem parar, com números bem acima do mercado. Vejo que o povo notou que, na realidade, nós temos um propósito como empresa, que é promover o desenvolvimento econômico e social do Brasil e gerar empregos. Desde o começo eu dizia que seria um ativista político sem partido e sem candidato de estimação. O que sempre fiz e continuo fazendo é lutar por algumas bandeiras, como o liberalismo econômico, reformas administrativas, fim dos privilégios e liberdade individual, para que o Brasil seja uma das maiores nações do mundo e que todos os brasileiros tenham um emprego com bons salários, harmonia, paz e felicidade. Eu defendo o nosso país e o nosso cliente notou isso, tanto é verdade que continuamos crescendo acima da nossa concorrência. Por isso, não temos problema nenhum em o dono da Havan se manifestar naquilo que acha certo. Como eu sempre falo, podemos ser concorrentes de ideias, mas jamais inimigos pessoais. As minhas ideias devem ser encaradas normalmente e podemos discuti-las sempre em busca de tornar o Brasil uma grande potência mundial.

O sr. acredita que ainda exista espaço no varejo para crescimento orgânico – para lojas físicas? Por quê?
Sim, há espaço para crescimento orgânico no varejo. Esta semana estava fazendo uma pesquisa sobre as 15 maiores redes de lojas de departamento dos Estados Unidos. Somadas, essas empresas totalizam mais de 15 mil lojas. Por isso, acredito que a Havan ainda tem muito espaço para crescimento no Brasil. Temos 172 lojas e vamos inaugurar a de número 173, em Maceió (AL), na próxima semana, dia 23, chegando assim a 23 estados. O Brasil tem mais de 5.500 cidades, 215 milhões de habitantes e dimensões continentais, vejo que existem muitas pequenas e médias cidades onde ainda há espaço para nosso crescimento. Portanto, temos o propósito de continuar crescendo no formato loja física.

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O sr. planeja investimentos em lojas no Brasil ainda para este ano? Ou em outras áreas de atuação?
O empresário, para investir, precisa ter visão a longo prazo e confiança no futuro. Estamos desacelerando nosso crescimento em razão do cenário político, pois, sem sabermos qual o caminho que o Brasil vai trilhar, não podemos fazer investimentos a longo prazo. Problemas como a pandemia, a guerra na Ucrânia, a inflação e a alta da taxa de juros são momentâneos, mas um caminho político errado pode ser eterno. Então, neste ano, nós vamos abrir mais duas lojas e vamos aguardar os acontecimentos para definirmos o que faremos. Precisamos de um país de oportunidades, em que o brasileiro possa sonhar, planejar e executar, baseado no liberalismo econômico e com a redução do controle estatal sobre o cidadão. Se viermos a ter isso para o futuro, a Havan vai continuar acelerando e gerando empregos, porque nós acreditamos no nosso país pelo potencial que apresenta hoje perante o mundo.

Qual a previsão do faturamento do grupo e qual é a fatia das vendas online? Vê crescimento online?
Nosso faturamento para este ano está previsto em mais de R$ 15 bilhões. Nossa venda online representa, aproximadamente, 10% do que vendemos. A Havan é uma empresa ‘omnicanal’, ou seja, o cliente escolhe a forma como quer comprar. Para isso, temos mega lojas espalhadas pelo Brasil que são centros de distribuição para cada estado e região, com grandes quantidades de produtos. Nós acreditamos em nosso modelo que atende o físico e o online da melhor maneira para o cliente. Além disso, nossas lojas são um centro de lazer, turismo e compras. O grande diferencial da Havan é que é uma empresa única que acredita no interior do Brasil, que é onde mais crescemos. Entregamos muito mais do que cliente espera receber. Temos tudo num só lugar, é uma loja da família que encanta todas as classes sociais.

Como estão as negociações de preços com fornecedores? Deixou de vender algum produto/marca em função da tabela de preços dos fornecedores?
Não, o que fizemos foi adequar o mix de produtos de acordo com o desejo dos clientes. Desde a pandemia, vimos uma inflação mundial encarecer os produtos e procuramos sempre colocar nas nossas lojas itens de qualidade. Como nossas lojas são grandes e possuem espaço, oferecemos produtos para todos os gostos e bolsos para o cliente escolher o que quer levar para sua casa. Além disso, estamos sempre nos adequando ao momento que o Brasil vive. Não deixamos de vender nenhum produto, apenas buscamos comprar dos fornecedores os produtos baseados nas compras dos clientes.

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