Fundos exclusivos: nova taxação deve mexer com o mercado de investimentos
Banqueiros veem migração bilionária para outros fundos, como os de Private Equity e de investimentos em ações

“Devem diminuir, mas não vão acabar.” A frase resume a previsão de banqueiros ouvidos pela coluna sobre os efeitos da mudança anunciada na segunda-feira pela equipe econômica para a taxação dos chamados fundos exclusivos.
A medida provisória que trata da questão prevê cobrança de 15% a 20% sobre os rendimentos desses fundos, que será realizada duas vezes por ano (o sistema chamado de “come-cotas”) – hoje, ela acontece só no resgate. O investidor que optar por iniciar o pagamento já em 2023, no entanto, será tributado com uma alíquota menor, de 10%. “Os investimentos devem migrar para outros produtos do mercado”, afirma outro sócio de um grande banco.
A avaliação é de que esse movimento possa beneficiar, em especial, dois outros produtos: os fundos de investimento em participações (FIP) e os em ações (FIA). O FIP, por exemplo, é um investimento em renda variável constituído sob a forma de condomínio fechado, em que as cotas somente são resgatadas ao término de sua duração ou quando é deliberado em assembleia de cotistas a sua liquidação.
Existem hoje cerca de 2,5 mil brasileiros com recursos aplicados em fundos exclusivos, com patrimônio em torno de R$ 756,8 bilhões – respondendo por 12,3% do total de fundos existentes no mercado nacional. Há ainda banqueiros que veem outras possibilidades dessa migração: “O mais provável é que migre para VGBL/PGBL”, afirma outro banqueiro. “Existe a chance também de parcela migrar ou se preparar para migrar para fora do Brasil”, completa. Fato é que esses brasileiros endinheirados terão agora de se mexer um pouco mais se quiserem pagar menos impostos.