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Petróleo em tempos de mudança

O Brasil, que era um eterno dependente da importação do petróleo, já é um dos maiores produtores do mundo

Por Murillo Aragão 6 dez 2021, 13h14

A pandemia produziu uma inusitada volatilidade nos preços dos combustíveis. Em abril do ano passado, o barril do petróleo chegou a ser oferecido a US$ 20,00. Em novembro, custava em torno de US$ 80,00.

A saída da pandemia trará desafios adicionais. E eles são múltiplos, pois, apesar de o petróleo ainda ser a principal fonte de energia e de mobilidade, a pauta ESG, os combustíveis alternativos e a questão ambiental estão postos na agenda mundial. Quem produz petróleo sabe que, a médio prazo, as energias alternativas ganharão terreno e ameaçarão o status quo. E esse não será um processo tranquilo.

Até lá, a nossa dependência do “ouro negro” permanecerá relevante, enquanto a descarbonização da produção de combustíveis fósseis deverá avançar, e muito. O Brasil, que era um eterno dependente da importação do petróleo, já é um dos maiores produtores do mundo, exportando mais de 700 mil barris/dia, graças ao extraordinário trabalho da Petrobras e aos excelentes resultados do pré-sal.

No entanto, enquanto avançávamos na extração do petróleo, pouco investíamos no refino. E o que investimos não trouxe resultados concretos, o que gerou uma situação paradoxal: exportamos petróleo e importamos gasolina e, sobretudo, diesel. Cerca de um quinto do que o Brasil consome em combustíveis ainda precisa ser trazido de fora, uma vez que o parque de refino no país, sem expansão há anos, não dá conta de atender à demanda.

Até pouco tempo, das 17 refinarias de petróleo no Brasil 13 eram da Petrobras, que controlava 98% o mercado – uma situação esdrúxula que nos colocava na incômoda companhia de países como Cuba, Uzbequistão e Irã, que têm apenas um refinador de petróleo. Recentemente, o Fundo Mubadala, dos Emirados Árabes Unidos, adquiriu uma importante refinaria da estatal, a Landulfo Alves, na Bahia, com capacidade para processar 330 mil barris/dia, ou 16% do mercado brasileiro. Foi o primeiro movimento significativo de investimento privado no setor de refino em décadas. Outras oito refinarias da Petrobras devem ser vendidas para o setor privado.

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A entrada de players privados no mercado de refino de petróleo no Brasil tem o potencial de gerar benefícios para o setor, a começar pelo aumento da competitividade. E não apenas pela compra de refinarias existentes, mas também pela instalação de novas. Assim, o aumento da competitividade pode provocar um efeito duplo: atrair investimentos privados para competir com as refinarias existentes e modernizar o segmento. Vale lembrar que algumas das refinarias existentes no país carecem de grandes investimentos e poderiam ser muito mais eficientes.

Outra consequência que a entrada de players privados no mercado de refino pode causar é uma maior transparência na política de preços de derivados, em decorrência de maior concorrência. A Petrobras, criada para promover a autossuficiência na produção de petróleo, deveria concentrar sua energia e seu talento na produção em águas profundas, setor em que é líder mundial, e na geração de fontes alternativas de combustíveis. E estimular a maior concorrência no refino e na distribuição, até mesmo para se livrar do carma da política de preço dos combustíveis.

Além disso, a entrada de novos players privados no refino pode se dar a partir de critérios caros à pauta ESG, com plantas industriais ambientalmente mais sustentáveis, com redução do uso de água e menor emissão de poluentes. Enfim, quanto mais competição no setor de combustíveis, tanto no refino quanto na distribuição, melhor para o consumidor e melhor para o país.

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