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Por Vilma Gryzinski
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Vitória de Boric no Chile amplia o arco esquerdista na América Latina

O pêndulo vai para o outro lado e impulsiona dirigentes de esquerda; os precedentes não são exatamente animadores

Por Vilma Gryzinski Atualizado em 20 dez 2021, 07h53 - Publicado em 20 dez 2021, 07h53

Será que Gabriel Boric sabe o que estará fazendo quando se sentar na cadeira presidencial do Palácio de La Moneda?

Como líder estudantil, um ramo de atividade em que falar os maiores radicalismo sempre rende mais aplausos, e deputado de pouca experiência, ele certamente não tem currículo para governar um país sofisticado como o Chile, “o único país de primeiro mundo da América Latina”, na definição do ex-presidente argentino Mauricio Macri.

A eleição de Boric (o sobrenome de origem croata é pronunciado Bórich) completa um renascido arco esquerdista que inclui a Bolívia de Luis Arce, um operado de Evo Morales; o Peru de Pedro Castillo – a falta de notícias sobre o que está fazendo é até um aspecto positivo – e a Honduras onde Xiomara Castro vai esquentar o lugar para o marido, Manuel Zelaya, o do chapelão. Como Venezuela e Nicarágua há muito alcançaram o estágio em que eleições são apenas um ritual de cartas marcadas, ficam faltando Colômbia e Brasil como os próximos e previsíveis integrantes de um mapa político latino-americano fortemente marcado pela esquerdização.

Esquerda na América Latina sem ciclo de commodities para dar uma forcinha não tem muito o que apresentar. Em compensação, o modelo venezuelano paira como uma sentença de morte para qualquer um que pense em seguir seu exemplo.

O que é ser um esquerdista moderno, hoje? Talvez Boric tenha uma resposta, talvez esteja pensando nisso exatamente nesse momento, ou talvez já tenha um programa cheio de comissões e outros bichos que geralmente não resolvem nada, pelos quais parece demonstrar simpatia.

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Duas questões são fundamentais no debate político chileno: a dos fundos de aposentadoria privatizados, uma complexa arquitetura que a esquerda sonha desprivatizar, e o ensino, também privatizado.

São certamente pontos que o presidente eleito vai atacar, com um grande potencial de desestabilização.

Boric é jovem e não traz bagagem do passado, uma vantagem. Era uma criancinha de dois anos quando Augusto Pinochet perdeu o plebiscito convocado por ele próprio, esperando, como tudo indicava, que os chilenos  o apoiariam nas urnas.

Não viu nada da terrível ditadura. Também não tem memória nenhuma do caos provocado por Salvador Allende, que descumpriu promessas feitas para ter confirmada pelo Congresso sua eleição com apenas 36% dos votos (era outro o sistema eleitoral).

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Allende não tinha mandato para implantar o socialismo, mas foi exatamente o que tentou fazer. Nacionalizou indústrias e decretou a reforma agrária, aproximou-se da esquerda mais radical e deixou claro qual era seu modelo predileto ao convidar Fidel Castro para uma visita de 23 dias ao país, entre exultantes manifestações populares e “cacelorazos”, as panelas batidas em sinal de protesto.

Devido à repressão hedionda desfechada depois do golpe militar, falar dos erros crassos de Salvador Allende é evitado, para não dar a impressão – equivocadíssima – de que isso implicaria em algum apoio ao regime pinochetista.

Allende levou o Chile muito perto da ruína, com os grandes produtores paralisados, os caminhoneiros numa greve que acabou com o abastecimento nacional, assassinatos de produtores rurais recém-atingidos pela reforma agrária, 600% de inflação, extrema radicalização política.

Como no Brasil de 1964, as classes médias e partidos de centro imploraram por um golpe.

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São tempos, felizmente, superados. Gabriel Boric ganhou a presidência com 55% dos votos, uma bela vitória. Representa, inclusive pela idade – 35 anos -, um novo tipo de esquerda. Pelo bem do Chile, seria bom que não tivesse os vícios do velho tipo.

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