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Será que o papa Francisco não está ouvindo o clamor que vem de Cuba?

Decepção e amargura na reação à ordem cumprida pela polícia do Vaticano de reprimir até bandeiras cubanas na Praça São Pedro

Por Vilma Gryzinski 28 out 2021, 07h45

Foi-se o tempo em que fieis católicos tinham respeito reverencial pela figura do papa, principalmente na América Latina. Pelo menos para os fieis que sofrem sob os regimes mais repressivos e se sentem abandonados por Francisco, o papa argentino que teria a obrigação de conhecer as penúrias mais prementes.

“A torpe decisão vaticana de limitar a presença de exilados e impedir a exibição de bandeiras cubanas no Angelus dominical do Santo Padre, alegando um suposto perigo de atentado, confirma que Francisco é um papa falido, oportunista e isolado dentro e fora da Igreja Católica; e agora obrigado a pedir perdão a milhões de vítimas do castrismo”, fustigou Carlos Cabrera Perez, jornalista radicado na Espanha, escrevendo no CiberCuba.

Foi realmente chocante ver as autoridades vaticanas limitando a 50 pessoas o número de exilados cubanos na Itália que poderiam entrar na Praça São Pedro. Mais ainda, ver um policial intimando um jovem, que rezava de joelhos, a abaixar a bandeira cubana que exibia em silêncio.

Uma das cenas mais comuns na praça é ver grupos de fieis erguendo bandeiras de diferentes países, esperando que o papa note, faça alguma referência ou envie uma bênção especial. As diferentes nacionalidades atestam a universalidade do catolicismo

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É claro que a presença dos exilados cubanos tinha uma conotação política, mas alguém imagina João Paulo II mandando proibir bandeiras da Polônia na época em que o comunismo ainda estava para cair, corroído por suas próprias debilidade e pela fé inquebrantável que uniu os poloneses na oposição ao regime?

O coração peronista do argentino Jorge Bergoglio pende para o outro lado, mas ele evidentemente sabe muito bem o que acontece em Cuba ou na Venezuela, apesar de toda simpatia que possa ter por regimes que se declaram anticapitalistas e defensores dos mais humildes.

Logo depois das manifestações de 11 de julho, Francisco fez uma daquelas manifestações que aludem indiretamente a acontecimentos políticos: “Estou junto com o querido povo cubano nesses momentos difíceis. Rezo ao Senhor para ajudar a construir uma sociedade cada vez mais justa e fraterna em paz, diálogo e solidariedade”.

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Como os “momentos difíceis” eram e continuam a ser vividos por cubanos que ousaram sair às ruas em protesto, num surpreendente movimento de alcance nacional, o papa estava se solidarizando com os perseguidos (mais de 500 continuam presos).

O que aconteceu para permitir, se assim o fez, que integrantes do “querido povo cubano” fossem proibidos de ouvi-lo celebrar a missa no Vaticano?

O argumento de que exilados cubanos pudessem praticar algum ato violento “leva a assinatura da inteligência castrista”, denunciou Cabrera Perez.

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Respondendo aos que se revoltaram com o papa e o acusaram de simpatias pelo regime, ele acrescentou:

“Bergoglio nunca foi comunista, só um jesuíta da ala conservadora, com sensibilidade social e muito oportunista, como demonstrou na mudança de postura em relação ao casal Kirchner; quando já instalado em Roma, negociou uma viagem de Cristina ao Vaticano, para uma conveniente reconciliação”.

A calidez demonstrada com Cristina – e também com Raúl Castro durante sua última visita a Cuba -, contrastou com a frieza e a rapidez da audiência concedida ao então presidente Mauricio Macri.

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A cautela extrema sempre manifestada pela Igreja no relacionamento com o regime comunista cubano, que no auge do delírio antirreligioso chegou a proibir o Natal, pode ser conveniente na hora de negociações de bastidores. O grupo Mulheres de Branco, reunindo mães e outras parentes de presos políticos que saíam às ruas com ramos de flores nas mãos, em silêncio, também se organizou à sombra da Igreja.

O tratamento rude e injusto dispensado aos cubanos no Vaticano provocou grande decepção entre o movimento pela democracia que começa a se formar e está revelando personalidades extraordinárias, em geral jovens convencidos da justiça de sua causa.

Todos os olhares agora estão voltados para o próximo dia 15, quando oposicionistas irão desafiar a proibição oficial para que se manifestem pacificamente.

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Depois do último domingo, o papa Francisco se colocou na obrigação de apelar pela proteção aos manifestantes.

Caso contrário, estará dando razão ao cantor e compositor venezuelano Juan Medici e sua mais nova canção. Diz a letra:

“O papa  decidiu que está proibido rezar/ Com a bandeira de Cuba para pedir por liberdade”.

“Quer sequestrar Deus e assim não pode escutar/ Os povos que hoje enfrentam governos de obscuridade”.

Título da obra: “Peça perdão a Cristo”.

Ou pelo menos abra mais seu coração aos que têm fome e sede de justiça.

Amanhã, Francisco recebe pela primeira vez Joe Biden, o católico devoto e favorável ao aborto que está deixando grandes quantidades de latino-americanos irregulares entrar nos Estados Unidos, uma das causas mais caras ao papa. Talvez com exceção dos cubanos?

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