Assine VEJA por R$2,00/semana
Imagem Blog

Mundialista Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Por Vilma Gryzinski
Se está no mapa, é interessante. Notícias comentadas sobre países, povos e personagens que interessam a participantes curiosos da comunidade global. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
Continua após publicidade

Se conseguir fazer o que prometeu, Petro será desastre para Colômbia

Programa de governo é mistura de esquerdismo já comprovadamente fracassado e propostas saídas do pensamento mágico

Por Vilma Gryzinski 20 jun 2022, 07h49

Os mais otimistas dizem que Gustavo Petro hoje é de centro-esquerda, prefere a denominação “revolucionário” a “guerrilheiro”, declarou-se candidato progressista para sair da caixinha da esquerda, elegeu-se cercado por assessores pragmáticos.

Os mais realistas olham para o que ele escreveu. A sua proposta principal é simplesmente delirante, ou ditada pelo pensamento mágico.

Diz seu programa que tem como objetivo “abandonar o modelo econômico baseado na exploração do petróleo e do carvão”. Em lugar dele, entraria um modelo de “crescente produção agropecuária, de turismo respeitoso do meio ambiente físico e cultural, e de uma produtividade baseada no conhecimento, na ciência e na tecnologia”.

Ah, sim, ele também quer “gerar empregos e oportunidades, incluir as mulheres, o campesinato, as comunidades étnicas e a população migrante”, além, claro, de “assumir de forma decidida a defesa e a restauração de nossos recursos naturais”.

Pode ser apenas uma expressão de desejos, como tantos programas eleitorais, mas fica a dúvida: de onde sairão as dezenas, talvez centenas de milhões de turistas necessários para simplesmente mudar o modelo econômico (até na lista dos sul-americanos mais visitados, a Colômbia fica em quinto lugar, depois de Argentina, Brasil, Chile e Peru).

Continua após a publicidade

Petro também quer aumentar o tamanho do Estado, hoje a principal plataforma esquerdista, depois da falência do modelo revolucionário que ele seguiu quando militava no M-19  com o codinome de Aureliano – como o fabuloso Buendía de Gabriel García Márquez em Cem Anos de Solidão.

As propostas vão da educação universitária gratuita para mulheres a “capacitação dos recicladores”. Claro que também pretende “lutar contra a mudança climática e a perda de biodiversidade” através do “desmonte gradual do modelo extrativista e do uso de combustíveis fósseis”. E também tem a parte da reconstrução da “institucionalidade agropecuária”, onde aparece o velho jargão da luta contra “o latifúndio improdutivo”.

Um dos pontos com potencial mais explosivo é o do acordo com os Estados Unidos para a extradição de narcotraficantes – a única punição que eles realmente temem.

Petro usa o termo “flexibilização” e “justiça restaurativa”, o que já dá uma boa pista. Seu projeto inclui beneficiar membros de organizações ilegais desde que entreguem armas, drogas e dinheiro, tornando-se bons cidadãos. O objetivo é “a restauração da vítima”. E, claro, não “a subordinação a poderes estrangeiros”. A comunidade do tráfico deve estar em festa, tal como os regimes de Cuba, Nicarágua e Venezuela, todos autores de declarações deslumbradas para comemorar a vitória de Petro.

Continua após a publicidade

Todo mundo sabe que todo governo tem uma grande diferença entre diz o que vai fazer e o que realmente faz. Petro não tem maioria legislativa para implementar muitas de suas propostas, incluindo a sobre o tratado de extradição de criminosos para os Estados Unidos.

Imaginem, então, como faria para mudar de modelo econômico, uma obsessão do autoritarismo de esquerda que sempre termina em desastre. 

Transformar a Colômbia em Pandora, a terra mágica do filme Avatar, pode soar bonito, até poético, no papel, mas é irrealizável. O risco é que, em vez do modelo mágico, a coisa acabe em Venezuela. Petro não parece ter o perfil para isso, apesar do vídeo em que aparece, tocado por uma doses a mais, falando num palanque sobre a glória da volta das bandeiras vermelhas.

Os colombianos que votaram nele, obviamente, querem uma vida melhor – e mais benesses do Estado, a marca do nosso subdesenvolvimento sistêmico. Bandeiras vermelhas não vão preencher estas carências. Se não as aumentarem, já será um alívio.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.