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Putin vai bem ou vai mal na guerra? Russos sofreram 75 mil baixas?

O número estarrecedor de mortos e feridos foi dado confidencialmente pela inteligência americana; a questão é se a Rússia pode absorver tantas perdas

Por Vilma Gryzinski 29 jul 2022, 07h54

Sim, a Rússia tem “profundidade estratégica” para sofrer o impressionante número de 75 mil mortos e feridos, mencionado em contatos sigilosos com deputados americanos – que obviamente quebraram o sigilo.

Os próprios informantes disseram que os números são “especulativos”. Mas os Estados Unidos, com seu fabuloso aparato de recolhimento de dados, são a fonte mais confiável que existe. Na semana passada, o diretor da CIA, William Burns, falou em 60 mil baixas.

Mesmo se houver algum exagero, ou vontade de puxar a metafórica sardinha para um lado, os números equivalem a praticamente a metade das forças russas mobilizadas para a invasão da Ucrânia.

Uma força invasora que perde metade de sua tropa pode ser considerada catastroficamente atingida – se o país invasor não fosse a Rússia, que tem uma capacidade respeitável de reposição do elemento humano, mesmo que tenha que varrer as vastidões siberianas em busca de voluntários e até as prisões, um recurso usado pela Ucrânia logo no início da invasão.

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A Rússia tem também uma indústria bélica gigantesca e intacta, pois a Ucrânia não dispõe de  capacidade de levar a guerra até o território inimigo, fora eventuais ataques contra alvos perto da fronteira.

Isso não significa que as perdas materiais não sejam enormes. Com base em informações visuais, é calculado em até oitenta o número de depósitos logísticos em território ucraniano simplesmente estraçalhados pelos HIMARS, as baterias de artilharia pesada que os Estados Unidos estão fornecendo à Ucrânia e que, mesmo se capacidade de “ganhar a guerra”, podem virar o jogo em teatros regionais.

As perdas de armas, combustível e outros suprimentos propiciaram uma espécie de pausa para realinhar forças, uma janela que a Ucrânia está usando para montar a operação de retomada da cidade de Kherson e adjacências. Em condições normais, seria uma virada quase impensável – mas também parecia impensável que as forças invasoras saíssem da região de Kiev, o alvo mais simbólico.

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O outro campo onde a guerra se desenrola é a economia, com um formidável embate para ver quem vai ser obrigado a piscar primeiro: a Europa, profundamente afetada pelo aumento de preços e a queda de fornecimento do gás russo, ou a própria Rússia, flechada pelas sanções em massa.

Vladimir Putin obviamente conta que os ricos e mal acostumados europeus, criados na abundância e na segurança de quase oitenta anos de paz e progresso desde a II Guerra Mundial, vão afrouxar primeiro. As simpatias pela causa ucraniana realmente podem vacilar com o tamanho da conta de luz e até do desabastecimento. Desde ontem, Hannover se tornou a primeira cidade alemã a cortar água quente, calefação e iluminação noturna em prédios públicos. No verão europeu, pode fazer pouca diferença. Mas e quando chegar o inverno?

O fator tempo conta a favor da Rússia e, por isso, Putin pode recentemente provocar: “Nós ainda nem começamos”.

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Mas o quadro interno não tem nada da tranquilidade alegada por aqueles que comemoram o aumento dos ingressos russos, propiciado pelo preço em ascensão dos combustíveis, a grande riqueza nacional.

Um estudo feito por um instituto de Yale diz que “as finanças do Kremlin estão enfrentando dificuldades muito, muito maiores do que estabelece a compreensão convencional”.

Segundo o estudo, baseado em “fontes de dados não convencionais”, a saída em massa de empresas ocidentais – o êxodo atingiu mil desses negócios – afetou nada menos que 600 bilhões de dólares, ou 40% do PIB.

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“As conclusões de nossa análise econômica abrangente da Rússia são poderosas e indiscutíveis: as sanções e a saída de empresas não apenas funcionaram como prejudicaram sistematicamente a economia russa em todos os níveis”, diz o estudo.

Os autores também dizem que – surpresa, surpresa – os dados econômicos são manipulados pelo governo russo, que divulga os aspectos positivos e camufla os negativos. Estas estatísticas depois são “repetidas por especialistas bem intencionados, mas descuidados, que constroem projeções irrealisticamente favoráveis ao Kremlin”.

Muitas análises econômicas são tingidas pelas simpatias ideológicas – contra e a favor da Rússia. Até o campo militar, que deveria ser neutro – em termos de capacidade de análise – é submetido às mesmas pulsões.

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Os vexames russos, em matéria de treinamento, logística e comando e controle, tão espetaculares no início da invasão, estão se tornando menos escandalosos – o que significa que os agressores estão aprendendo com a realidade. Com todas as perdas sofridas, os russos estão reforçando em massa suas posições na região de Kherson, preparando-se para a contraofensiva ucraniana. 

A brecha para os ucranianos é pequena, mas eles têm o fator moral a favor. Nada alimenta mais o espírito combativo do que defender a própria terra de invasores brutais. Ter infligido mais de 70 mil baixas a um inimigo muito mais poderoso é a prova mais definitiva desse espírito de luta – e, claro, de como a ajuda militar dos aliados ocidentais está ajudando.

A Rússia tem mais profundidade estratégica, mais material humano, mais infraestrutura bélica e mais capacidade de fazer o próprio povo penar por causa de uma guerra absurda e desnecessária.

Com o conflito entrando no sexto mês, o equilíbrio entre os mais fortes e os mais motivados continua.

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