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Professora universitária contra Melania Trump: quem ganha?

As aparências enganam, mas a linguagem visual também conta muito e raramente houve um retrato tão exato dos extremos ideológicos como no caso acima

Por Vilma Gryzinski 5 dez 2019, 11h22

Começando pelo principal: Pamela Karlan, professora de direito de Stanford convocada para reforçar os argumentos pelo impeachment de Donald Trump, teve a honradez de pedir desculpas por colocar o filho caçula dele no meio.

É claro que foi um pedido arrevesado, do tipo que não resiste a tirar uma casquinha.

“Foi errado fazer isso. Gostaria, obviamente, que o presidente se desculpasse por coisas que fez que são erradas, mas lamento ter dito isso”, tuitou Pamela Karlan, um estereótipo tão perfeito da professora universitária de esquerda que parece inventado.

Segundo sua própria autodefinição, a professora, que chegou até a ser cogitada para a Suprema Corte na era Obama, é “mulher, judia, bissexual, chata”.

Vive, evidentemente, no mundo de seus pares, onde odiar Donald Trump a levou ao erro, assumido posteriormente, de achar que podia fazer piadinha com o nome do filho dele com Melania, Barron.

O menino tem 13 anos, apesar de já passar do 1,80 metro da mãe. É o filho de presidente que menos aparece em toda a história dos menores que já moraram na Casa Branca, incluindo Amy Carter, Chelsea Clinton, as gêmeas Bush e as irmãs Obama, Sasha e Malia, veneradas pela imprensa.

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“A Constituição diz que não pode haver títulos de nobreza, portanto, embora o presidente possa dar o nome de Barron a ser filho, não pode torná–lo barão.”

Em inglês, a palavra é baron e a professora deve ter passado um tempão ensaiando o trocadilho.

Considerando, como acreditam os esquerdistas do fundo do coração, que parte do princípio da superioridade moral, vale qualquer recurso.

Como as audiências duram o dia inteiro, deu tempo para que fosse lido o tuíte de Melania Trump: “Um menor de idade merece privacidade e deveria ficar fora da política. Pamela Karlan, você deveria ter vergonha dessa conivência pública, raivosa e obviamente preconceituosa, usando uma criança para isso.”

E deu tempo também para a professora pedir desculpas.

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O que não muda em nada a temporada de descer o pau em Melania, aproveitando uma “biografia não autorizada” escrita pela jornalista Kate Bennett, da CNN.

O livro tem zero de informações exclusivas e as poucas fofocas (Melania e o marido dormem não só em quartos, mas em andares separados na ala residencial da Casa Branca) já eram conhecidas.

Curiosamente, Kate Bennett resiste ao estereótipo sobre Melania, que é o exato oposto do sobre a professora de Stanford que tentou ridicularizar o filho dela.

“LESBIAN CHIC”

E o estereótipo não podia ser mais padrão.

Uma ex-modelo fútil, obcecada por aparência, transformada por intervenções estéticas para satisfazer o paradigma feminino do século passado tal como desejado por Trump.

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Comprada por um estilo bilionário de vida e joias espetaculares usadas para refletir o status do marido, com passado algo suspeito na fronteira entre modelo e “modelo”, fotos moderadamente “lesbian chic”, estudos interrompidos, mas turbinados. Etc etc etc.

Mesmo sem acesso a Melania nem ao círculo íntimo dela, a jornalista diz que Melania não é uma vítima de um marido brutal nem uma boneca de bico calado cujo papel é desfilar roupas deslumbrantes, deslizando sobre saltos Louboutin capazes de provocar desastres ortopédicos no resto da humanidade.

“Ela é mesmo muito calada. Mas, nos bastidores, é uma das pessoas que mais verbalizam suas opiniões.”

“Eles se falam por telefone várias vezes ao dia. Acho que ela funciona como os olhos e os ouvidos dele, fora da Fox News. Acho que ela é muito mais direta com ele do que qualquer outra pessoa simplesmente porque pode ser.”

Segundo Kate Bennett, Melania ficou arrasada quando uma assessora iniciante escreveu um discurso de campanha plagiando trechos de um feito por Michelle Obama – escrito, evidentemente, por um profissional próprio.

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Alguém imagina que Michelle ou Melania escrevam seus próprios discursos? Todos os jornalistas sabem que não.

Mas “fritar” Melania é um passatempo nacional. Iniciativas como um programa contra bullying e outro contra a onda de vício em remédios com opiáceos são regularmente ridicularizados.

O maior bafafá aconteceu quando ela usou uma parka – da Zara –, com uma frase nas costas: “Não ligo a mínima”. Foi tratada como uma bruxa que ironizava criancinhas – justamente por ter ido visitar alojamentos onde ficam menores desacompanhados ou separados dos pais que cruzam ilegalmente a fronteira.

Kate Bennett disse que Melania fez a viagem por iniciativa própria, no auge da crise, sem consultar o marido.

Seria a frase, erroneamente interpretada como um acinte as crianças, um recado ao marido? Ou a assessores dele que não gostaram da visita?

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Imaginem, que acinte aos estereótipos, se Melania tivesse ideias próprias.

Segundo a jornalista que escreveu o livro sobre Melania, ela tomou gosto pelos aspectos históricos da decoração da Casa Branca – exatamente como Jackie Kennedy, mas quem fizer a comparação será condenado ao pelotão de fuzilamento.

Como Jackie – e também a quase presidente Hillary Clinton –, Melania penou com as histórias de infidelidades do marido. Todas do passado, ao contrário das duas primeiras mencionadas.

Nas diversas ocasiões em que rejeitou a mão estendida de Trump, estava realmente com alguma bronca.

Como primeira estrangeira a ser primeira-dama (fora a inglesa Louisa Adams, no século 19), nascida e criada num país comunista – a Iugoslávia de Tito –, com experiência na nada fácil carreira de modelo classe B na Itália e em Nova York, a eslovena Melania Knauss talvez pudesse até trocar uma ideias sobre estereótipos femininos e a cretina associação “bonita e burra”.

Quem sabe até com a professora Pamela Karlan, encarnação do exato oposto?

Mas atenção: se a eminente acadêmica se metesse a besta de novo com o filho dos outros, correria o risco de levar umas lanhadas com aquelas unhas postiças que, tendo limpado em tantas áreas seus excessos visuais, Melania Trump continua a usar.

Pode não ter essas coisas em Stanford, mas ninguém fica por mais de vinte anos com um incorporador de Nova York, apresentador de reality show, dono de cassino e promotor de lutas de boxe em Atlantic City, antes de virar presidente num passe de mágica, sem aprender alguns truques.

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