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Planeta TikTok: menores de idade ficam milionários e governos proíbem

O aplicativo hipnotizante insufla brasileiros a ficar grudados no celular e cria seu próprio sistema de valores - ou de ausência deles

Por Vilma Gryzinski 24 jan 2022, 07h40

Você sabe quem é Burak Ozdemir? Addison Rae? Khaby Lame?

Se não consegue estabelecer nenhuma conexão com estes nomes, está fora do planeta de celebridades instantâneas, danças desengonçadas, paródias de pátio de colégio, dublagens sem noção e mais uma infinidade de atitudes que podem dar fama, dinheiro e, suprema consagração, o título de influenciador digital.

No planeta TikTok, as mulheres dominam. Geralmente são, ou foram muito recentemente, adolescentes que estudaram dança e cativam seguidores pelas proezas físicas e o jeito descontraído. Tem um clima menos exibicionista do que o Instagram e comparativamente mais próximo dos seguidores.

Addison Rae, uma americana da Lousianna que é boa de dança, mas não exatamente um prodígio, tem 83,5 milhões de seguidores – o terceiro lugar mundial. Aos 21 anos, acumulou cinco milhões de dólares.

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Em segundo lugar fica Khaby Lame, um jovem senegalês que perdeu o emprego numa fábrica no interior da Itália e resolveu apostar no TikTok. O que ele faz é difícil de descrever: reage com expressões exageradas, geralmente demonstrando enfado, a vídeos esquisitos. Não diz uma palavra. Tem 100 milhões de seguidores e um pé de meia avaliado em dois milhões de dólares.

Acima de todos, imbatível, continua Charli D’Amelio, um fenômeno com 133 milhões de seguidores, 17,5 milhões de dólares no banco e sua própria série no Hulu. Ela e a irmã Dixie praticamente viraram sinônimo do TikTok e já desembarcaram da Hype House, uma casa de verdade onde a agência que empresaria as jovens revelações reuniu um bando de influenciadores para estimular a criatividade – e, claro, a competição. 

Charli é uma veterana de 17 anos. Cobra 100 mil dólares para colocar um produto em um de seus vídeos.

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O TikTok é uma diversão inocente ou um instrumento plantado pela China para inundar de ópio digital a juventude do mundo? Ou, na outra versão conspiratória, recolher a mercadoria mais importante que existe – informação -, sobre um bilhão de usuários?

A ByteDance, que tem o TikTok, é a primeira empresa chinesa a entrar, em escala mundial, para o clube da Big Tech, as gigantes do mundo digital. Em 2020, seu faturamento aumentou em 100%. No ano passado, foi um pouco mais contido: 70%, para um total de 58 bilhões de dólares. Obviamente, a pandemia que imobilizou em casa uma parte do planeta ajudou a puxar estes números.

O curioso é que, na China mesmo, não existe TikTok. O aplicativo se chama Douyin. No ano passado, respondendo a pressões do governo, o aplicativo limitou o tempo diário de usuários abaixo de 14 anos a quarenta minutos. Usuários com menos de 18 anos precisam de autorização dos pais (a idade mínima do TikTok é 13 anos). 

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O aplicativo também vai produzir mais conteúdos educativos, uma iniciativa “voluntária” – na verdade, resposta ao grande aperto que o governo de Xi Jinping está aplicando em todas as esferas, desde economia até comportamento. Os influenciadores, por exemplo, já sabem que precisam segurar os sinais exteriores de riqueza, uma contradição em termos. Os rapazes que fazem sucesso na música e no mundo digital não podem ter aparência “afeminada”.

Na Índia, que tem um grave contencioso fronteiriço com a China e um governo supernacionalista, o TikTok foi simplesmente proibido em 2020.

A proibição foi formalizada no ano passado, sob a alegação de que o TikTok é “prejudicial para a soberania e a integridade da Índia, a defesa da Índia, a segurança do estado e a ordem pública”.

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Também já houve proibições, temporárias, no Paquistão, em Bangladesh e Indonesia, geralmente por conteúdos impróprios para padrões muçulmanos.

“Órfãos” do TikTok tiveram que migrar (regredir, diriam muitos) para o Instagram. A geração Z – dos 12 aos 17 anos – aumentou o uso do aplicativo nos Estados Unidos em treze pontos no ano passado, de 50% para 63%.  O Instagram caiu quatro pontos percentuais, de 61% para 57%.

Durante o governo Trump, o TikTok foi classificado de ameaça à segurança nacional e chegou a ser cogitada sua venda para gigantes como a Oracle ou a Walmart. Joe Biden mudou de assunto. 

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“Poderia o Partido Comunista Chinês estar usando um dos aplicativos mais populares do mundo para ampliar seus níveis de vigilância em massa e coleta de dados? O TikTok é um cavalo de Tróia?”, perguntou a conservadora National Review. E respondeu: “˙Há todos os motivos para achar que sim”.

A galera do TikTok não está certamente preocupada com isso e sim em acompanhar o show de talentos mundial que se renova constantemente. Um dos mais bizarros é o de Burak Ozdemir, mencionado no início da coluna. O chefe turco cavou seu caminho para o sucesso com vídeos em que cozinha pratos gigantescos com habilidade de malabarista. Conhecido como CZN Burak, ele ganhou 11 milhões de dólares com o aplicativo no ano passado.

Dá bem para digerir o hambúrguer de dois metros de diâmetro, uma de suas “criações”.

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