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Os últimos, tristes e simbólicos momentos da vida de Maradona

Mas a profusão de suspeitas de negligência em torno de sua morte acrescenta uma dimensão a mais na melancólica história de decadência

Por Vilma Gryzinski Atualizado em 1 dez 2020, 08h35 - Publicado em 1 dez 2020, 08h34

Nenhum ídolo morre de causas naturais na Argentina. 

Aliás, em outros lugares do mundo, mortes repentinas de celebridades sempre são acompanhas de teorias conspiratórias. 

Mas em nenhum outro país é tão poderosa a confluência de ídolos ceifados prematuramente, comoção nacional, funerais dramáticos, culto aos mortos e suspeitas que nunca se desfazem.

De Eva Perón, levada pelo câncer aos 33 anos e, depois de morta, transformada em objeto de tétricas disputas, a Alberto Nisman, o promotor que se suicidou ou foi suicidado, os mortos continuam a falar por muito tempo.

Com esse pano de fundo, Diego Maradona ainda terá muito a dizer.

O que já foi constatado sobre seus momentos finais é uma tristeza. O arco de patifarias vai desde as fotos que funcionários terceirizados da funerária tiraram ao lado do corpo até o descontrole que aconteceu durante o velório na Casa Rosada, com troca de acusações políticas entre o governo federal e a prefeitura de Buenos Aires, de oposição.

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Sob sigilo, fontes do governo de Alberto Fernández queixaram-se que a culpa pelo tumulto foi da primeira mulher de Maradona, Claudia Villafañe, ao insistir que o corpo deveria ser enterrado na tarde seguinte à morte, sem tempo para que todos da multidão o vissem.

Culpar a viúva consegue inaugurar um capítulo novo na história das vilanias.

Piores são as dúvida que se acumulam sobre o tratamento médico, formando um quadro de suspeitas de negligência por ação ou omissão.

Maradona recebeu alta prematura do hospital onde fez cirurgia para um hematoma subdural? Não teve as intervenções médicas necessárias? Teve o atendimento devido da equipe de enfermagem domiciliar? Levou um tombo e bateu a cabeça do lado oposto ao da operação? Foi negligenciado em suas últimas horas de vida?

O jogador com certeza resistia aos tratamentos e controles obrigatórios depois da cirurgia

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“Diego odiava os médicos, mas comigo era autêntico”, disse seu médico pessoal, Leopoldo Luque, que circulava na esfera dos amigos e dos “amigos” que cercavam o jogador, instigando-o a ceder aos muitos vícios que destruíram sua vida ou sem capacidade de se opor a eles.

“Ele tinha autonomia e decidia o tempo todo”, garantiu o médico, agora sob investigação por suspeita de homicídio culposo.

“Era muito difícil, me expulsou um monte de vezes de sua casa. Expulsava e depois chamava de volta.”

Como obrigar um paciente rebelde a receber tratamento? Luque diz que não tem as respostas.

“Eu pedia que se levantasse para receber as filhas, mas ele não queria receber as filhas”.

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Outro amigo antigo disse que o entorno de Maradona, antes da operação, o estimulava a beber justamente para impedir os contatos – e a possível intervenção – das filhas mais velhas. Quando chegavam para visitar o pai, ele já estava desabado no quarto, com o celular desligado.

“Não restam dúvidas para elas de que o responsável pelos cuidados médicos era Leopoldo Luque”, contrapôs uma fonte ligada às filhas sobre o depoimento delas aos promotores que investigam o caso. Um detalhe que chamou a atenção: elas notaram que o pai estava muito inchado, “principalmente na barriga e nas pálpebras”.

As filhas assinaram a alta do pai, contrariando a recomendação da Clínica Olivos, onde ele fez a cirurgia neurológica. O hospital propunha internação em local especializado em tratamento para dependentes de álcool.

A relação com Dalma e Giannina, filhas do primeiro casamento, era tumultuada. Maradona chegou a gravar um vídeo anunciando que deserdaria as duas.

“Maradona não estava em condições de decidir. Estava há três dias trancado no quarto ”, garante Rodolfo Baqué, advogado da auxiliar de enfermagem Dahiana Madrid. 

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A auxiliar conseguiu apenas uma vez fazer controles mínimos como tirar a pressão e contar os batimentos cardíacos. Ou pelo menos é o que diz.

Segundo Dahiana, o cuidador do turno da noite chegou a registrar que Maradona estava com 115 batimentos por minuto. 

“Todos sabemos que pacientes cardíacos não podem passar de 80”, disse o advogado dela. “O corpo de Maradona estava avisando que havia problemas com a frequência cardíaca e não foi ajudado nem sequer com os remédios que os pacientes cardíacos tomam para manter a frequência em 80”.

Dahiana já mudou seu depoimento, dizendo que ter registrado que havia tirado os parâmetros médicos habituais no dia da morte de Maradona, sem que na realidade tivesse conseguido acesso para fazê-lo, por sugestão de seu chefe no serviço de atendimento domiciliar.

Uma fonte ligada aos promotores do caso já antecipou: “Depois dos primeiros cinco dias de investigação, pelo que vimos a condução era absolutamente negligente. Era uma internação domiciliar totalmente deficiente. Um descontrole total e absoluto”.

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É comum dizer sobre alguém que morre depois de uma trajetória de excessos que viveu a vida que quis, do jeito que quis. 

Na verdade, os dependentes vivem a vida como as substâncias de seu vício querem. É uma trajetória destrutiva e cruel. Michael Jackson, Prince, Amy Winehouse, Whitney Houston, entre os mais famosos, são uma triste comprovação disso.

Ainda no hospital onde fez a cirurgia neurológica, o jogador perguntou o que fariam se fossem Maradona, segundo contou ao Infobae um integrante de seu círculo íntimo.

Um deles respondeu: “Não gostaria de ser Maradona nem por um minuto”.

“Viram só?”, respondeu ele. “Isso acontece comigo todos os dias”.

“Estou cansado, gostaria de tirar umas férias de ser Maradona”.

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