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Os ricos mais odiados do reino estão em apuros; e envolve dinheiro

Philip e Tina Green, conhecidos como os donos da Topshop, enrolam-se com empresa que sugaram, faliram e venderam

Por Vilma Gryzinski Atualizado em 5 dez 2016, 11h19 - Publicado em 28 ago 2016, 15h10
O peso do dinheiro: casal Green provoca ira da plebe e da elite

O peso do dinheiro: casal Green provoca ira da plebe e da elite

Falar mal dos ricos, especialmente quando penduram suas contas no dinheiro público, é um dos passatempos mais consagrados do mundo. E não existe hoje, no Reino Unido, quem não fale mal de Philip Green e sua mulher, Tina, mais conhecidos como os donos da rede de roupas Topshop.

A bronca contra eles é tão grande, e não apenas procedente dos suspeitos de sempre – deputados do Partido Trabalhista -, que se cogita até numa rara cassação de seu título de cavaleiro do Império Britânico. Por causa dele, o casal de bilionários tem direito a ser chamado de sir Philip e lady Green. Com a crueldade, de hábito, os tablóides o apelidaram de Sir Shifty, espertalhão. Ou, para fazer uma brincadeira com um apelido famoso no Brasil, sir Safadão.

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Green e a mulher estão no mesmo barco da infâmia porque, num daqueles arranjos que os não-milionários mal entendem, ele é o dono do grupo Arcadia, que tem todos os empreendimentos da família no ramo do varejo, mas a holding controladora, chamada Taveta Investments, está no nome dela.

É claro que a holding fica num paraíso fiscal, na ilha de Jersey. A própria Tina mora em Mônaco, onde vive as delícias da isenção de impostos. Especialmente saborosas no caso dela, cuja fortuna bate em 3,2 bilhões de libras, uns 15 bilhões de reais. Green passa os dias da semana trabalhando em Londres, e muitas noites jogando pesado. Nos fins de semana, vai para Mônaco. De jatinho, claro.

Todo o contorcionismo fiscal é feito de acordo com as leis, embora altamente impopular. O caso que está deixando a plebe e a elite fulas da vida envolve uma rede de lojas de departamento chamada BHS, que fechou as portas melancolicamente com uma liquidação tipo queima de estoque e 11 mil funcionários em pânico, não só pelos empregos perdidos como pelo fundo de aposentadoria falido.

Green comprou a BHS, uma rede antiquada de móveis e utensílios domésticos, no ano 2000. Todas as tentativas de modernizá-la fracassaram e a rede entrou em 2016 com uma brutal dívida de 1,3 bilhão de libras. Na conta, inclui-se o rombo no fundo de aposentadoria equivalente à metade do total. Green vendeu a rede, no ano passado, pelo valor simbólico de 1 libra a um ex-piloto de corrida com duas falências no currículo.

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Perder “tudo” e continuar rico é uma arte que brasileiros de altos cifrões conhecem bem. Green levou-a à perfeição. Em quinze anos, ele e a mulher ganharam 586 milhões de libras da BHS, entre dividendos, pagamentos de aluguel e juros sobre empréstimos.

A diferença obscena entre o que a família ganhou e o buraco que deixou no fundo de pensão, que deveria ser coberto por contribuições pagas por todos os trabalhadores, provocou a revolta entre parlamentares trabalhistas e conservadores. A mais antiga instituição de donos e diretores de empresas considerou o comportamento dele uma “falha lamentável” e pediu investigação rápida.

O relatório da comissão parlamentar que investiga o caso qualificou Green de “a face inaceitável do capitalismo” . Em princípio, é um erro, pois capitalismo não deveria significar

rapinagem de uma empresa, seus funcionários e as aposentadorias pelas quais pagaram, em favor do “fantástico enriquecimento” da família Green.

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Green está propondo o fim do inquérito do maravilhosamente intitulado Departamento de Fraudes Graves em troca de uma contribuição “voluntária” para o fundo de pensão da BHS. Falou-se em 80 milhões de libras, mas a conta pode ser maior e cair no colo de Tina Green, a beneficiada final.

O grupo Arcadia é o sétimo maior varejista da Europa, numa lista encabeçada pela espanhola Inditex – Zara e mais outras redes – e a sueca H&M. Todos são gigantes formidavelmente bem sucedidos no campo da fast fashion, a moda rápida que sintetiza as tendências das grandes grifes e os desejos mais reais, inclusive em termos de preços, das consumidoras.

É praticamente impossível para uma mulher sair da Topshop de mãos vazias, especialmente se for uma jovem ligada no estilo bem específico das inglesas tal como popularizado por Kate Moss. A modelo virou uma das “caras” da Topshop, onde teve uma linha com seu nome, e freqüentadora dos iates da família. No Brasil, a Topshop não deu certo.

Philip Green começou revendendo calças jeans que comprava em países asiáticos. Já era rico quando conheceu Christina Palos, que tinha um marido sul-africano, dois filhos e uma butique em Knightsbridge, bairro chique de Londres. Juntos, tornaram-se bilionários.

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Os costumes típicos de novos ricos do casal obviamente sempre foram ridicularizados. Para o bar mitzvah do filho, Brandon, Tina mandou construir uma sinagoga de verdade do jardim do Grand-Hotel du Cap Ferrat. O entretenimento musical ficou com Andrea Bocelli e Beyoncé.

No casamento de Albert, o príncipe de Mônaco, ela usou Chanel, com calça comprida, uma de suas marcas, na cerimônia diurna. No banquete, quase envergou sob o peso das joias fenomenais. Os quilates dos brincos que costuma usar são tantos que puxam os lóbulos para baixo, aumentando um pouquinho a idade que jamais revela – calculada em 67 anos.

Tina aproveitou suas habilidades no campo estético e abriu uma empresa de decoração de iates e aviões particulares. Enquanto o caso da BHS explodia, o casal inaugurou seu novo iate, o Lionheart, um leviatã de quatro andares e 90 metros de comprimento. Compensa até ser chamada de lady Safadona.

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