Assine VEJA por R$2,00/semana
Imagem Blog

Mundialista Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Por Vilma Gryzinski
Se está no mapa, é interessante. Notícias comentadas sobre países, povos e personagens que interessam a participantes curiosos da comunidade global. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
Continua após publicidade

Os homens não são todos iguais

É errado criminalizar a masculinidade como um problema em si

Por Vilma Gryzinski Atualizado em 19 mar 2021, 08h59 - Publicado em 19 mar 2021, 06h00

“Homem é tudo igual.” Provavelmente não existem mulheres que não tenham dito ou pensado isso diante do amplo arco de malfeitos masculinos que começa na toalha molhada jogada na cama e vai subindo até chegar à imposição da própria vontade pela força física ou financeira, à importunação sexual em vários graus ou ao abandono dos filhos. O caso de Andrew Cuomo, o governador de Nova York que colocou a si mesmo sob o risco de impeachment ou renúncia forçada, certamente está provocando esse tipo de reação. Poucas mulheres não terão passado por algumas das cretinices inconvenientes ou até delituosas agora associadas a Cuomo: as piadinhas que só têm graça porque contadas pelo chefe, a mão “esquecida” na cintura, as insinuações de natureza sexual e até o beijo roubado em pleno ambiente de trabalho — e em plena segunda década do segundo milênio nos Estados Unidos, um sinal, entre tantos outros plantados ao longo da história, de como o poder inebria, cega e, em casos que nem precisam ser extremos, emburrece.

É dos Estados Unidos que veio, como tudo mais nesse terreno, a expressão “masculinidade tóxica”, que parece ter sido criada para definir o governador Cuomo depois da queda — antes, ele era tão venerado nos círculos progressistas que ganhou um Emmy por suas entrevistas coletivas no auge da Covid-19 em Nova York e deu ensejo ao autoexplicativo neologismo “cuomossexual”, usado por várias celebridades deslumbradas. O problema com o conceito de masculinidade tóxica é que ele não é aplicado apenas aos desvios e abusos, mas à própria essência masculina, como se ser homem implicasse automaticamente em comportamentos condenáveis que só podem ser corrigidos pela desprogramação — e é claro que já existem nos Estados Unidos cursos ministrados em universidades e empresas com esse objetivo.

“O problema com o conceito masculinidade tóxica é que ele não se aplica apenas aos desvios e abusos”

Enquadrar todos os homens na categoria “tóxica” pode levar a absurdos como o que aconteceu na Inglaterra, onde o assassinato de uma jovem mulher que caminhava para casa à noite provocou grande comoção. Aproveitando o ambiente de consternação, Jenny Jones, integrante do Partido Verde que ascendeu à Câmara dos Lordes com o título de baronesa, propôs um toque de recolher, válido para todos os homens, a partir das 18 horas, como forma de garantir a segurança da circulação de mulheres à noite. Depois, ela disse que só tinha sugerido uma medida insensata para que os homens sentissem o gosto da punição coletiva experimentada pelas mulheres quando a polícia recomendou que evitassem andar sozinhas à noite na área. (A recomendação deixou de ter valor depois que o assassino foi preso: um policial que trabalhava no serviço de proteção a diplomatas, o que torna a história ainda mais dramática.)

Continua após a publicidade

As mudanças sociais aceleradas e os exageros do antimasculinismo já estão ajudando a criar homens assustados, revoltados, comprometidos a não se casar nem ter filhos para não ser “explorados” por futuras ex-esposas. Tudo o que o mundo não precisa é de criaturas psiquicamente frágeis, chorando suas mágoas em redes sociais e trancadas em quartos onde se embriagam com um dos maiores combustíveis da masculinidade tóxica: pensar besteiras.

Publicado em VEJA de 24 de março de 2021, edição nº 2730

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.