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Os duques exilados com Hitler: isso sim foi real escândalo

Harry e Meghan vão faturar, badalar com celebridades e talvez até virar os duques da Netflix, mas nada perto do que fizeram seu tio-bisavô e Wallis Simpson

Por Vilma Gryzinski 20 jan 2020, 17h01

O Reino Unido ainda não conseguiu recuperar o fôlego desde que Harry e Meghan foram nada gentilmente cortados da família real e perder o valioso tratamento de Sua Alteza Real.

É nessas horas que a história dá um refresco para os ansiosos, principalmente aqueles que sofrem por antecipação, imaginando um futuro cheio de vulgaridades constrangedoras para o príncipe perdido e sua mulher americana.

Duque e duquesa de Netflix é uma das designações prognosticadas para os dois.

A gigante das séries é a fonte de fortunas para famosos em posição única, como Barack Obama e Michelle, que vão produzir conteúdo para melhorar o mundo e ganhar algo na casa dos 100 milhões de dólares.

Para começar. O casal Obama está aconselhando Harry e Meghan.

E como faltaram bons conselhos para o duque de Windsor.

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Dez meses depois de abdicar do trono que ocupava como Edward VIII e ir viver no exílio voluntário na França, ele e a mulher por quem havia renunciado a um reino, Wallis Simpson, estavam tomando chá com Adolph Hitler no chalé de montanha de Berghof.

Era outubro de 1937 e em menos de dois anos a Alemanha iniciaria a II Guerra Mundial com a invasão da Polônia.

As simpatias do duque de Windsor, o título de “consolação” que ganhou depois da abdicação, pela Alemanha nazista eram conhecidas desde a época em que seu pai estava vivo e pediu ao serviço secreto que espionasse o filho e herdeiro.

“Não é da nossa conta interferir nos assuntos internos da Alemanha seja em relação aos judeus ou a qualquer outra coisa”, escreveu ele em 1933.

Piorou muito depois que conheceu Wallis Simpson.

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A mulher que diria sobre si mesma “nunca ninguém me chamou de linda nem mesmo de bonitinha” tinha quatro amantes na época.

Um deles era milionário, outro bissexual, mais um simplesmente lindo e o quarto um certo Joachim von Ribbentrop, o embaixador plenipotenciário da Alemanha que depois daria metade do nome do pacto com a União Soviética que abriria as comportas da guerra.

As conexões execráveis dos duques de Windsor com o nazismo foram registradas pelos serviços de espionagem dos dois países – e dos Estados Unidos também – e, depois da guerra, vasculhadas por historiadores.

A história dos documentos secretos enterrados numa floresta alemã, tal como mostrada na série The Crown, aconteceu mesmo – embora, obviamente, a obra de ficção tenha tomado suas liberdades.

A visita de 1937 a Hitler e outros nazistas de alto coturno, incluindo o perversamente habilidoso Joseph Goebbels, o ministro da Propaganda que irrompeu na política brasileira de forma próxima do delírio alucinatório, foi notória, pública e assumida.

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Os contatos subsequentes foram mais clandestinos, inclusive o plano para sequestrar e reentronizar o duque de Windsor, despachado por Winston Churchill para as Bahamas, onde poderia fazer menos mal ao Reino Unido, à monarquia e a si mesmo, e reentronizá-lo.

Hitler era obcecado por um acordo de paz em separado com a Grã-Bretanha. E exercia um perturbador fascínio por figuras da aristocracia como Oswald Mosley, parlamentar e baronete fundador da União Britânica dos Fascistas.

Mosley se casou na Alemanha, na casa de ninguém menos que Joseph Goebbels, com Diana Mitford, uma das cinco aristocráticas irmãs de vida atribulada e contraditória (uma se tornou militante do Partido Comunista dos Estados Unidos).

O futuro rei Edward VIII também tinha simpatia por Mosley e suas ideias.

Dá para imaginar uma história em que um rei pró-nazista retoma o trono e assina um acordo de paz com Hitler?

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Obviamente, não. Mesmo naquela época, os reis já não mandavam nada. O que não impede que muitos façam isso.

Os documentos históricos são praticamente inesgotáveis, mesmo quando tratados com os cuidados obrigatórios em tudo o que se relaciona com a Casa de Windsor.

A boataria também continua a ecoar através dos tempos. A fofoca mais irresistível: Wallis Simpson não era nenhuma beldade, mas dominava truques sexuais que colocavam os homens a seus pés, por assim dizer.

Principalmente o príncipe herdeiro, cujos dotes pessoais eram inversos ao tamanho do nome, Edward Albert Christian George Andrew Patrick David. Para piorar, tinha ejaculação precoce.

Entrava aí a habilidade de Wallis.

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A ideia de uma mulher sedutora que domina sexualmente um príncipe inseguro se repetiu, por motivos óbvios, com Harry e Meghan.

O que é verdade, o que é fantasia, o que é projeção?

No mundo atual, as partes envolvidas têm batalhões de assessores de redes sociais para moldar as respectivas narrativas.

Mesmo assim, a plebe vai formando suas opiniões.

Uma das predominantes, no momento, é que Harry pisou na bola, entrou numa mania de perseguição, desrespeitou o próprio país e, principalmente, a própria avó.

Mas tem o direito de viver como quiser. Até no ducado da Netflix.

E, se em algum momento voltar atrás, será perdoado.

Não fez nada nem remotamente parecido com os absurdos pró-nazismo de seu tio-avô, o duque exilado que se deslumbrou com Adolph Hitler.

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