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Novidade na praça: ministro da Justiça muito encrencado

É nos EUA, claro. E tem o potencial de dar um segundo e mais importante troféu para os inimigos do governo Trump

Por Vilma Gryzinski 2 mar 2017, 12h15

A casa cai uma vez por dia no governo de Donald Trump. Ou quase. O presidente teve pouco mais de 24 horas de alívio depois de seu discurso de terça-feira à noite no Congresso, bem recebido pela maioria dos americanos e até, de má vontade, por adversários, antes de uma nova bomba explodir. 

A conexão russa, real ou inflada por inimigos nos serviços de inteligência que simpatizavam com o obamismo ou apenas têm motivos para abominar seu substituto. virou outro buraco no caminho de Trump. Agora, por causa do relativamente insuspeito Jeff Sessions, o senador que chefia o Departamento de Justiça. 

Como senador, mas já precoce partidário de Trump, Sessions encontrou-se duas vezes com o onipresente embaixador russo Sergey Kislyak. É o mesmo que, por conversas não reveladas, mas gravadas e vazadas, já havia propulsionado a queda do general Mike Flynn como conselheiro de Segurança Nacional. 

Kislyak pode ganhar uma medalha ou uma punição de Vladimir Putin por sua hiperatividade. Sessions pode perder o ministério pelo qual teve que batalhar, enfrentando injustiças como a acusação de “associação com a Ku Klux Klan. 

Intervalo para esclarecimento: isso foi resultado de uma antiga brincadeira de trabalho. Um dos integrantes da organização supremacista acusado de um crime racista disse que não podia se lembrar de ter discutido o caso porque estava chapado com maconha. Sessions, que era promotor no Alabama, fez piada: “Agora que sei que fumam maconha, não posso mais apoiar a Klan”. Sessions ajudou os promotores federais a processar os culpados. Um deles foi executado. Mas a piada o persegue até hoje. 

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Seus problemas pioraram muito. Foram dois encontros de Sessions com Kysliak. O primeiro aconteceu num seminário promovido pela Heritage Foundation, um centro de estudos de tendência conservadora. Cerca de 50 embaixadores estrangeiros compareceram e um grupo menor, incluindo Kysliak, teve uma conversa rápida com o senador, na época integrante da Comissão de Forças Armadas, depois de sua palestra. 

Isso foi em julho, segundo a explicação oficial. Em setembro, Kislyak, um diplomata e operador de alto nível, formado em física e comércio exterior, que fala inglês impecável e se veste como CEO, fez uma visita a Sessions em seu gabinete no Senado. 

Por que diabos um político experiente, com formação na impiedosa escola das promotorias americanas, teria acobertado os encontros? Isso aconteceu durante as sabatinas para sua aprovação. Em resposta a uma pergunta do senador democrata Al Franken – uma espécie de Tiririca americano, tendo tido carreira anterior como  comediante -, Sessions disse que “não tinha conhecimento” de intervenções da inteligência russa e não poderia fazer comentários a respeito porque “não teve comunicação com os russos”.

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Agora, na nota emitida depois da meia-noite, um sinal de encrenca brava conhecido por políticos do mundo inteiro, a coisa virou: “Nunca me encontrei com nenhum funcionário russo para discutir assuntos de campanha.” 

A filigrana com cara de chicana não impede que representantes do Partido Democrata estejam pedindo cabeça, coração, fígado e outros órgãos vitais de Sessions. Seria um troféu muito maior do que Flynn, pois como attorney general, como os americanos chamam o ministro da Justiça, ele tem enorme influência em assuntos internos, inclusive investigações sobre suspeitas em relação a membros do governo. Os brasileiros sabem bastante bem como funciona a coisa. 

O furo sobre os encontros não-revelados de Sessions foi dado pelo Washington Post, o jornal através do qual esses vazamentos têm sido passados pelo FBI e outros serviços de inteligência.

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Nada coincidentemente, o New York Times deu no mesmo dia uma reportagem sobre a atuação de integrantes do governo Obama para “preservar” informações sobre a conexão russa – um modo elegante de dizer que elas existem, estão registradas e vão continuar a ser vazadas. Uma das informações curiosas da reportagem é sobre o papel, nessa história, de um sistema de compartilhamento de dados chamado Intellipedia, usado pela comunidade de informações.

Uma parte muito ativa dessa comunidade está em guerra declarada contra o governo Trump, numa das muitas situações jamais vistas antes, e Sessions pode rodar ou ficar praticamente inoperante. Se o Departamento de Justiça abrir uma investigação sobre a conexão russa, que já vem sendo feita pelo FBI, ele terá que se declarar impedido de qualquer envolvimento. 

Sessions é um dos integrantes do governo Trump mais odiados pela oposição, pelas posições conservadoras e pelas suspeitas sobre sua atuação no passado, que o derrubaram de uma nomeação como juiz federal.

Numa das audiências sobre sua indicação no Senado, ele levou as netas pequenas, graciosas mistura de mãe americana e pai de origem chinesa. Foi acusado, sordidamente, de usar as meninas como “objeto cenográfico” para limpar a imagem de racismo. Agora que existe um fato concreto e grave contra ele, vai ter que comer pedra. Logo, logo, aparecerão as gravações.

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