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Não gostou? Mande um tuíte para ele: Elon Musk vive dias de glória

Nem foguetes espaciais nem o carro elétrico mais bem sucedido do mercado: compra do Twitter muda patamar do homem mais rico do mundo

Por Vilma Gryzinski Atualizado em 27 abr 2022, 06h07 - Publicado em 27 abr 2022, 06h04

No mundo em preto e branco das redes sociais, Elon Musk é de direita. Provas: tem pendores libertários e se declara um absolutista em matéria de liberdade de expressão. 

Como a esquerda largou uma de suas mais históricas bandeiras, justamente a liberdade de expressão, e está disposta a lutar até a morte, metaforicamente, pela obrigação dos que pensam diferente de não abrir a boca, a compra do Twitter pelo homem mais rico do mundo é vista como uma catástrofe.

Atrizes, atores e influencers de forma geral ameaçam abandonar o Twitter se for concretizada a mais aterrorizante das perspectivas: a volta de Donald Trump à rede do passarinho. “Duas palavras: Twitter tóxico”, resmungou a Anistia Internacional, que tanto faz na defesa dos que se batem pelas liberdades fundamentais, mas não consegue ver seus próprios preconceitos.

Com quase 300 bilhões de dólares – 12 algarismos – e 83 milhões de seguidores na rede que acabou de comprar (com o dinheiro dos outros, em parte, pois além de bilionário e gênio, ele é fera em levantar fundos), Elon Musk colocou a si mesmo num lugar em que nenhum de seus muitos feitos anteriores havia acessado.

Embora outras redes tenham muito mais usuários, mexer com o pioneiro Twitter é praticamente mexer com a alma das pessoas.  O próprio Musk resumiu bem o espírito da coisa ao dizer que a liberdade de expressão é a pedra fundamental de uma democracia com todos seus atributos e “o Twitter é a praça pública digital onde questões vitais para o futuro da humanidade são debatidas”.

Foi um momento de seriedade em meio às habituais – e nem sempre elegantes – brincadeiras que ele faz, como oferecer 54,20 dólares por ação do Twitter, uma referência ao “dia da maconha”, 20 de abril (4/20, no sistema americano). 

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Musk já fumou um cigarrão de maconha numa longa entrevista ao podcast de Joe Rogan, mas nem assim ganhou a simpatia do campo onde isso é visto como vantagem. Provavelmente está pouco ligando. Um QI de 155 – cálculo aproximado – não costuma operar na mesma frequência que nós.

“Cassar” a palavra de Donald Trump no Twitter – ele tinha 80 milhões de seguidores, quase empatado com Musk – foi uma decisão quase inacreditável, principalmente num país onde o Partido Nazista em várias subdivisões e a Ku Klux Klan funcionam legalmente (em geral, infiltrados até o topo por informantes do FBI).

Exagerar, desinformar, mentir e divulgar fake news é parte do território das redes sociais – sem falar nas ofensas brutais. Ninguém, inclusive os maiores jurisconsultos,  ainda sabe qual a melhor forma de lidar com isso. Mas não é preciso ser nenhum especialista para ver que ter uma “diretoria de censura”, em nome dos mais nobres propósitos e mesmo com o título de checagem de fatos, como os grandes monopólios fazem, não pode dar certo.

Elon Musk tem dinheiro e projetos realizados, contra todas as expectativas para provar que não é somente um gênio esquisitão. Ao entrar no universo das redes sociais (cinco anos antes de desembarcar a primeira tripulação em Marte, segundo seus cálculos para a SpaceX), ele ganha um instrumento comparável aos de Jeff Bezos ou Mark Zuckerberg.

Seduzir, atrair, induzir, plasmar e formatar – ou também esconder e censurar – modos de pensar, numa escala jamais vista na história da humanidade, são atributos que geram uma concentração de poder em escala astronômica.

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“O Twitter sob administração de Elon Musk será um lugar assustador”, escreveu Greg Bensinger no New York Times. O tom é pomposo demais e, claro, influenciado pela lente ideológica, mas o comentário aponta um detalhe importante: as disputas de Musk com a SEC, a  comissão de valores mobiliários dos Estados Unidos.

Ao entrar no mundo digital, Elon Musk vai ser mais vigiado ainda do que a posição de homem mais rico do mundo – e louco por uma polêmica – já propiciava naturalmente. Se tentar tirar vantagens pessoais, será astronomicamente desmoralizado.

Embora tenha “apenas” 200 milhões de usuários, o Twitter preserva o lugar privilegiado na “praça digital” por causa da quantidade de gente importante que atrai, no campo da política, dos negócios, do show business e do jornalismo.

Esta é a riqueza que Musk está comprando por 44 bilhões de dólares. Sua promessa de vencer os bots ou morrer tentando é honrosa – e será cobrada.

É um embate digno do homem que quer colonizar Marte, eletrificar o trânsito na Terra e fazer andar os paraplégicos. E talvez tão difícil quanto.

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