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Já quase sabemos o que a China fez em dezembro passado

E não foi bonito: repórteres, serviços de inteligência e especialistas já formaram um quadro bastante claro do xadrez chinês que ofuscou o coronavírus

Por Vilma Gryzinski Atualizado em 16 abr 2020, 10h00 - Publicado em 16 abr 2020, 07h08

Todo mundo errou, todo mundo pisou na bola. E não foram só políticos, não. 

Cientistas irromperam em plena epidemia com modelos espantosamente errados. 

A Organização Mundial de Saúde, com uma tradição tão nobre e tão confiável, virou um gatinho angorá aninhado no colo chinês. 

Donald Trump, como sempre, disse loucuras. Continua a dizer –  e algumas delas, inclusive, correspondem à verdade.

Sobre a China, origem do vírus maldito, alguns fatos e análises podem ajudar a começar a desvendar o que aconteceu por trás da muralha de mentiras, perturbadoramente entremeada por feitos médicos e científicos reais, além exemplos de sacrifício e coragem.

É importante distinguir entre o que fez o regime, de errado ou também de certo, e os chineses comuns, excluídos da esfera do poder, bombardeados por uma doença desconhecida em escala esmagadora.

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Alguns dos itens que vale a pena levar em consideração:

1- “Os seis dias que dobraram o mundo”. Assim poderia ser definida a essência de uma extraordinária reportagem da agência Associated Press que documenta o período crítico , entre 14  e 20 de janeiro em que a alta cúpula chinesa já tinha todas as informações sobre o tamanho e o potencial arrasador da epidemia.

Tudo foi mantido sob estrito segredo, interno e, evidentemente, externo. Em Wuhan, depois cognominada, para efeitos propagandísticos, de “cidade heroica”, a prefeitura deu um banquete coletivo para dezenas de milhares de pessoas.

Calcula-se, com base nos documentos obtidos pela AP que reconstituem o avanço da epidemia, que quando o presidente Xi Jinping falou ao país – e ao mundo -, ainda em termos bem contidos, cerca de três mil pessoas já estavam infectadas.

Antes desse período, de 5 a 17 de janeiro, centenas de pacientes foram internados em Wuhan com a estranha pneumonia. Provavelmente, as autoridades locais impediram a propagação da notícia, receando que cortassem a cabeça dos mensageiros.

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No dia 2 de janeiro, oito médicos foram judicialmente repreendidos, em cenas transmitidas pelas televisão.

Secretamente, a partir de 13 de janeiro, quando foi confirmado um caso na Tailândia, prova irrefutável da transmissão pessoa a pessoa, foi criada uma comissão para apressar preparativos.

Obedeciam ao nível 1 de urgência e incluíam distribuição de kit de testes, supervisão de laboratórios, orientações a médicos sobre protocolos de diagnósticos, treinamento do pessoal de saúde e outras medidas como medição em massa de temperatura. Tudo na moita.

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Uma “fonte médica” passou para a AP a transcrição de uma teleconferência com Xi Jinping e outros figurões em que o diretor da Comissão Nacional de Saúde, Ma Xiaowei, avisava: “A situação da epidemia é grave e complexa”.

Uma das maiores preocupações era o feriadão de duas semanas, o único da China, coincidindo com o ano-novo lunar, e seu oceânico movimento de viagens.

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No meio disso tudo, disse a Organização Mundial de Saúde” “Não há evidência de transmissão de pessoa para pessoa “ (14 de janeiro). No dia 23, seu diretor, Teddros Adhamon, ex-ministro da Saúde da Etiópia, elogiou a “cooperação e a transparência” da China.

2- As informações sobre a nova epidemia remontam ao começo de dezembro ou até antes.

“Durante 40 dias, o Partido Comunista Chinês de Xi Jinping escondeu, destruiu e inventou informações sobre a disseminação desenfreada da Covid-19 através do sistema de vigilância e informação em massa, a distorção da informação, o silenciamento e a criminalização da dissensão”.

Algum abominável associado da direita trumpista disse isso? Não, o Centro Raoul Wallennberg para os Direitos Humanos, baseado no Canadá.

“Quarenta dias de silêncio e repressão custaram à Itália – o epicentro europeu da pandemia de Covid-19 – uma taxa de mortalidade de 12%, mais do que o dobro da China, seguida pela Espanha com taxa de mortalidade de 9%. Os Estados Unidos, cuja liderança presidencial tem deixado a desejar, se transformou agora no novo epicentro”.

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3- E os números? As suspeitas vão desde a quantidade de urnas funerárias contendo as cinzas das vítimas de Wuhan – baseados em depoimentos impressionistas, mas impressionantes – até levantamentos da CIA.

“A CIA tem alertado a Casa Branca desde pelo menos o começo de fevereiro que a China subnotificou amplamente as infecções por coronavírus e suas contagens não são confiáveis para os modelos de previsão”. A reportagem é do New York Times.

Disse, no começo do mês – quase uma era geológica – a epideomiologista Debora Birx, da força-tarefa da Casa Branca: “A comunidade médica interpretou  assim os dados da China: isso é sério, mas menor do que imaginávamos”.

Hoje, os Estados Unidos estão se aproximando das 30 mil mortes. China: 3.342.

Estes são alguns dados, num mar de informações, a serem levados em conta, incorporados ou descartados conforme novos elementos aparecerem.

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Para terminar, um adendo: voltou a aflorar a teoria, agora menos conspiratória e que já havia sido tratada aqui, de que o novo coronavírus “escapou”, por acidente, de um dos dois laboratórios que pesquisavam morcegos como transmissores de vírus que podem fazer a passagem para humanos.

Para quem acha que tudo o que Donald Trump fala é maluquice ou armação política, lembremos dos dois pesquisadores chineses que levantaram pioneiramente a tese.

E da bela reportagem do Washington Post, dedicado em período integral a eliminar Trump, mostrando, com base em um documento de 2018 agora vazado por algum inconformado do Departamento de Estado, que o laboratório de segurança máxima de Wuhan tinha furos.

Tantos que uma comissão científica da embaixada americana fez várias visitas técnicas ao laboratório. Detalhe: treinamento e verbas dos Estados Unidos contribuíram para o laboratório.

Os especialistas saíram mais preocupados ainda.

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