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França: Macron leva uma sacudida e os extremos ganham vantagem

Mesmo tendo maioria simples, o presidente sai enfraquecido e terá que enfrentar líderes da direita e da esquerda que só querem infernizar sua vida

Por Vilma Gryzinski 20 jun 2022, 08h00

Emmanuel Macron foi reeleito presidente depois de uma pandemia – e no meio de uma crise de preços em disparada. Seu partido conseguiu 58% dos parlamentares na eleição de ontem. 

Parece uma contradição, diante de resultados tão fora do padrão, mas o fato é que o presidente francês está enfraquecido. E seus adversários nos extremos, de esquerda e de direita, estavam agindo como vencedores.

Jean-Luc Mélenchon, que conseguiu unir a esquerda na frente chamada Nupes – Nova União Popular Ecológica e Social -, comportava-se como vencedor. E, de fato, é. Mesmo longe do objetivo de se tornar primeiro-ministro – o que seria um pesadelo inenarrável para Macron -, ele se consolidou como o representante da segunda maior força política da França, superando a fase de devastação provocada pela derrocada do Partido Socialista (agora, sócio minoritário da Nupes). A coalizão teve 31,76% dos votos, contra 38,48% do partido de Macron.

Ter uma esquerda forte faz parte da tradição política da França, embora Mélenchon seja muito mais cabuloso do que outro trotskista bem sucedido, Lionel Jospin, que foi primeiro-ministro de 1997 a 2002.

A maior novidade foi o fortalecimento parlamentar do partido de Marine Le Pen, a Assembleia Nacional. Desde a época de seu pai, os Le Pen têm mostrado força em eleições presidenciais e uma quase inexistência em matéria de participação no legislativo.

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Ontem Marine Le Pen era só sorrisos, com a eleição de 89 deputados, um resultado sem precedentes. “Estamos escrevendo um novo capítulo na história de nossa família política”, celebrou ela, num clima de euforia de seus partidários.

Quanto tempo, perguntam os mais cínicos, os extremos vão demorar até se aliarem contra Macron? Muitas de suas propostas e ideias coincidem, desde o aumento da idade para a aposentadoria – um dos temas mais debatidos do país – até a simpatia de seus líderes por Vladimir Putin, a antipatia pela União Europeia e a vontade de interferir nos preços.

“A França vai ser muito difícil de governar”, constatou o cientista político Jerôme Fourquet, diretor do instituto de pesquisas Ifop e propagador do conceito de fragmentação que torna os principais blocos políticos mais coalizões frágeis criadas em torno de líderes fortes do que partidos propriamente ditos.

Quando foi eleito pela primeira vez – sem nunca antes ter recebido um único voto -, Macron conseguiu praticamente um milagre: galvanizar a maioria dos franceses em torno de um projeto centrista que defendia reformas – sem choques – evidentemente necessárias para dinamizar a economia. Ele criou um partido do nada, hoje rebatizado de Juntos!,  e conseguiu maioria absoluta no parlamento.

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Apesar de alguns avanços, o principal ainda está por fazer para reequilibrar um Estado enorme e enormemente gastador, uma tendência acelerada pela pandemia – a dívida pública francesa está em quase 113% do PIB, o que seria insustentável em países menos prósperos. Estas reformas agora estão a perigo.

Macron tem o dom de despertar antipatias mais por seu estilo arrogante e “sabe tudo” do que por suas ideias. Inclui-se no pacote as lições de ecologia que quer dar ao Brasil, movidas pelo interesse de proteger a agricultura francesa. Comparativamente, porém, ele é a única voz da sanidade entre os adversários políticos que contam.

Como a quinta maior economia do mundo, a França é um país em que os problemas principais já foram resolvidos, tem riquezas culturais incomparáveis e desfruta de um padrão de vida invejável do ponto de vista brasileiro. São os pequenos tremores sofridos por este padrão, com os aumentos de preços liderados pelos combustíveis, um fenômeno mundial, que contribuíram para o crescimento da oposição e fizeram um número relativamente importante de eleitores a votar em outros partidos.

A tentativa de Macron de renovar o governo depois da reeleição presidencial, nomeando uma mulher, Élisabeth Borne, como primeira-ministra, não funcionou muito. Até a Kiev ele viajou, tentando emprestar um pouco do carisma de Volodymyr Zelensky, o presidente que ele tentou imitar em fotos de moletom e barba por fazer.

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A perda da maioria absoluta era amplamente prevista, mas não por isso deixa de doer.

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