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Por Vilma Gryzinski
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Conversa de um torturador russo com sua mãe: “Gosto muito disso”

Assim um soldado de apenas 20 anos resumiu o que fazia e testemunhava nas sessões de tortura de ucranianos em localidades ocupadas

Por Vilma Gryzinski Atualizado em 11 Maio 2022, 13h42 - Publicado em 11 Maio 2022, 07h14

Não leia esse texto se for uma pessoa muito sensível aos horrores que seres humanos podem cometer contra seus iguais.

Escrevê-lo não é fácil, mas a situação que apresenta talvez seja um dos retratos mais diretos do que a guerra faz com muitas pessoas: transforma-as em monstros.

Mesmo que seja apenas um soldado sem nenhuma importância hierárquica e até um papel de mero coadjuvante como Konstantin Soloviov, um russo de 20 anos gravado pelo serviço de inteligência da Ucrânia em conversa com sua mãe, Tatiana.

Obviamente, a intenção é desmoralizar o inimigo. Mas a íntegra da conversa, de nove minutos, foi divulgada para provar sua veracidade, juntamente com fotos tiradas de perfis em redes sociais – agora apagados.

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É difícil dizer o que é mais terrível: a banalidade com que o soldado faz os relatos ou a indiferença da mãe, só quebrada quando fala impropérios contra os ucranianos.

“Eu gosto disso, sei lá”, diz Konstantin quando a mãe pergunta se ele se sentia bem participando das torturas.

“Se eu estivesse aí, faria a mesma coisa. Somos iguais”, incentiva Tatiana.

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“Já não sinto mais remorso, depois de vinte (mortos), deixei de sentir qualquer coisa”, diz ele em outro trecho.

A certa altura, ele pergunta se a mãe sabe o que são “as rosas”. E explica:

“No corpo humano, podem ser feitas 21 ‘rosas’, em todos os dedos e no pênis, desculpe”.

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“Já viu uma rosa, sabe como florescem?”.

“Então, a pele é cortada ao longo dos ossos. Em todos os dedos e ‘lá embaixo’. É isso que significam as 21 rosas no corpo de um homem”.

“Sabe que outro método de tortura vimos?”.

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A mãe argumenta que são “os rapazes da FSB” que comandam a tortura. Konstantin concorda: ele apenas traz e tira as vítimas, mas conta que “enquanto esperávamos, nós batíamos neles, arrebentávamos as pernas para que não fugissem”.

Também usavam o “tranquilizante”, uma pancada de cassetete na boca quando “eles ficam loucos e começam a gritar”. Um preso de quem Konstantin já havia quebrado as pernas fez isso. “Cada um dos nossos vai levar dois dos seus”, desafiou. “Não tenho medo de morrer”. O soldado russo usou o “tranquilizante”. Logo depois o preso morreu. É nesse trecho que a mãe de Konstantin usa palavrões para se referir aos ucranianos.

O “outro método” mencionado por ele é chamado de “cano”, como numa arma: um tubo é inserido no ânus do torturado e, dentro dele, vai um pedaço de arame farpado. O tubo é retirado e o arame começa a ser puxado bem devagar.

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“Dizem que usamos este método do arame farpado desde a Chechênia”.

É isso que a guerra em que métodos de tortura são ensinados desde cima faz com as pessoas. É isso que o exército de Vladimir Putin está fazendo. Barbáries assim estão acontecendo nesse momento. E talvez mães e filhos estejam conversando tranquilamente sobre elas.

“Eu era um cara bom. Quero contar tudo, quero que você saiba tudo, o que mudou dentro de mim”, diz Konstantin no fim da conversa.

“Tudo bem, garotão. Até mais”.

“Até mais”.

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