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Começou mal: dólar sobe e Cristina dá uma de Putin ao receber Massa

O novo ministro da Economia da Argentina faz o que tem que fazer – cortar gastos –, mas as expectativas não são nada otimistas

Por Vilma Gryzinski Atualizado em 4 ago 2022, 07h48 - Publicado em 4 ago 2022, 07h48

“Deixem Sergio trabalhar”. Esta foi a mensagem mais positiva enviada pelo clã Kirchner ao novo ministro da Economia.

Foi dita por Máximo Kirchner, o eterno primeiro filho, e representa uma concessão feita de má vontade, com o país já lançado no abismo, a um ministro que entra, inevitavelmente, fraco, apesar de toda a encenação que exigiu para parecer forte.

Parte dessa encenação foi o encontro formal com Cristina Kirchner, esta, sim, superpoderosa. A manifestação implícita de apoio foi minada pela foto que falou mais do que mil palavras. Como uma versão feminina e patagônica de Vladimir Putin, a vice-presidente e presidente do Senado recebeu o novo ministro numa mesa enorme, representante simbólica da distância que os separa.

Cortar gastos, reduzir subsídios e cumprir os compromissos internacionais é tudo que Cristina não quer, embora tenha aceitado o acordo que governadores e outros figurões peronistas impuseram ao presidente Alberto Fernandez – alguém se lembra dele? – ao colocarem Massa para salvar o país (ou pelo menos “chegar até a Copa do Mundo”, segundo o comentário cruel de um político anônimo).

Massa é do ramo: um político profissional habilidoso, com trânsito no mercado, diálogo com a oposição e perfeitamente consciente das bombas que estão em seu caminho. Montou uma equipe considerada boa, apesar da dificuldade em conseguir nomes do topo da lista, com muita gente já sentindo o calor da fogueira mesmo antes da pancadaria começar.

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O aumento do dólar – 297 pesos, subida de mais de 40% este ano – e do risco país no dia de sua posse são apenas indicadores momentâneos, mas não deixam de ter um valor simbólica. Hoje, podem melhorar. Mas por mais que o mercado queira acreditar em Massa, a realidade é maior do que tudo.

Um exemplo, entre tantos outros: com o país, na prática, sem divisas estrangeiras, os produtores rurais só podem importar fertilizantes com base nos dólares gastos em 2020 e 2021, segundo regulamentos do Banco Central (sobre o qual Massa não tem controle, um detalhe vital). O cálculo é simplesmente infernal.

O Clarín tentou explicar: “Considerando as quantidades médias de 2020 e 2021, a preços médios do primeiro semestre de 2022, segundo a Bolsa de Cereais de Buenos Aires, o topo seria alcançado em agosto, sobrando 57% das necessidades sem cumprir até o fim do ano”.

Que os deuses da terra protejam os produtores envolvidos nesse tipo de cálculo.

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Como se não bastasse o estado de emergência em todas as frentes econômicas, Massa tem que enfrentar um momento político conturbado por Cristina e seu filho, ambos acusados num processo que, segundo os promotores, mostra a pilhagem de recursos públicos combinada com o empreiteiro Lázaro Baez, através do qual “instalaram uma matriz extraordinária de corrupção”.

Os Kirchner já estão mobilizando os movimentos sociais que controlam para apresentar Cristina como uma vítima de perseguição judicial – se soa parecido com algo que conhecemos bem, realmente é.

Massa falou as coisas certas na entrevista depois da posse. Foi enérgico, convincente, eloquente, “Não sou super nada, nem mágico, nem salvador. Vim para trabalhar para tentar que a Argentina vá bem”. Enunciou os quatro eixos que pretende seguir: ordem fiscal, superávit comercial, fortalecimento das reservas e desenvolvimento com inclusão, com “investimento, produção, exportações e mercado interno”.

É tudo praticamente ilusório, mas parecia um presidente.

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E é aí onde mora o maior perigo para ele.

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