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Autodestruição: o erro do encontro de Trump com Kanye West e supremacista

Ex-presidente parece ter perdido o dom de provocar polêmicas que acabam revertendo a seu favor e persiste em tiros no próprio pé

Por Vilma Gryzinski Atualizado em 30 nov 2022, 06h49 - Publicado em 30 nov 2022, 06h45

Por que políticos cometem erros tremendos de avaliação?

Talvez porque tiram de perto todo mundo que possa dizer “não faça isso”, “é uma besteira”, “caia fora”, entre outros conselhos que doem no ego quase que unanimemente narcisista dos que escolhem essa carreira.

A rigor, Donald Trump não é um político, pelo menos não no sentido tradicional, o que só aumenta os riscos do narcisismo: se um empresário do ramo imobiliário e personagem do show business foi eleito presidente dos Estados Unidos contra tudo e contra todos, só pode ter sempre razão.

Os tiros no próprio pé fizeram a fama de Trump e custaram sua reeleição, apesar dos 74 milhões de votos.

A arte de prejudicar a si mesmo foi elevada a um novo nível quando Trump recebeu o perturbado Kanye West, jogado na lona por declarações absurdamente antissemitas, e seu novo “conselheiro”, Nick Fuentes, um supremacista branco de primeira linha.

O que Kanye faz com Fuentes, que defende a segregação racial dominante durante um período sombrio no Sul dos Estados Unidos, provavelmente obedece a alguma lógica pervertida por distúrbios psiquiátricos.

Mas o que Trump fez com esses dois personagens foi queimar mais uma ponte importante, com personalidades de origem judaica que mantinham o apoio a ele e com conservadores que abominam ideias discriminatórias.

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Dizer que “não sabia” quem era o convidado extra com quem Kanye apareceu no palacete de Mar-a-Lago não ajuda em nada, embora haja indícios fortes de que Trump realmente não esperava os acompanhantes do cantor e caiu numa armadilha deliberada para comprometê-lo.

Cometer um erro dessas proporções já é ruim em si mesmo, mas coincide com um momento em que os ventos da política não estão soprando a favor de Trump. Aberta ou reservadamente, políticos e operadores republicanos debitam a ele a escolha de candidatos discutíveis que acabaram fazendo com que os democratas mantivessem o controle do Senado.

O império de Rupert Murdoch, com a Fox acima de tudo, já rompeu com Trump, uma perda que pode avançar para os comentaristas que ainda o defendem.

E Ron DeSantis é uma indiscutível estrela em ascensão no universo republicano, com credenciais mais conservadoras do que o ex-presidente na guerra cultural e uma boa administração no governo da Flórida.

Com todos os erros, inevitáveis ou de moto próprio, Joe Biden continua a ter um nível de desaprovação menor do que o de Trump. Segundo a média do RealClear, 43,4% dos americanos têm uma opinião favorável ao presidente e 51,9%, desfavorável. Seria um campo com grande possibilidade de ser explorado numa campanha eleitoral, mas os números de Trump mostram uma bagagem maior ainda: 40,1% de opiniões favoráveis contra uma rejeição de 54%.

Quando era presidente, Trump recebeu Kanye West para um encontro bizarro na Casa Branca, orgulhando-se do apoio de um artista negro – e na época ainda casado com Kim Kardashian, o que o levava ao topo da fama mundial.

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O Kanye – agora autodenominado Ye – que recebeu em Mar-a-Lago piorou muito. Perdeu contratos de centenas de milhões de dólares, especialmente com a Adidas, para quem sua grife desenhava tênis de alto retorno financeiro, depois de colocar a si mesmo numa execrável torrente de declarações antissemitas, com as infelizmente clássicas alegações que os judeus controlam Hollywood, a mídia e o próprio governo americano.

É claro que ele não tem um comportamento normal – mas é curioso como, mais uma vez, distúrbios psicológicos descambam para o antissemitismo. John Galliano, que na época era estilista da Dior, disse que tinha ataques de pânico e usava álcool, remédios para dormir e Valium quando fez insultos antissemitas em série a duas clientes de um bar em Paris, em 2011.

Trump muitas vezes foi acusado de racismo e outros comportamentos execráveis, mesmo que as bases fossem fracas ou inexistentes. Ao receber Kanye West e o abominável Nick Fuentes, deu aos adversários argumentos irrefutáveis.

Segundo disse um assessor anônimo à NBC, Trump ficou furioso com o caso e reclamou: “Kanye tentou me ferrar”. O termo usado foi um pouco menos brando.

Se a intenção de Kanye West era essa, foi plenamente alcançada.

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