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As medidas mais absurdas para evitar contágios da Covid-19

É difícil para todos os governos, mas alguns exageram na contenção, correndo o risco de não convencer os cidadãos sobre a sua necessidade

Por Vilma Gryzinski 23 set 2020, 07h26

A partir de sexta-feira, os escoceses não poderão visitar parentes e amigos, com apenas algumas exceções. Mas – pelo menos por enquanto – podem encontrar-se num restaurante, dentro do limite máximo de seis por mesa,  e passar um bom tempo conversando e comendo cara a cara. Qual dessas circunstâncias é mais propícia ao contágio?

Essa parte não foi abordada pela primeira-ministra da Escócia, Nicola Sturgeon, ao anunciar as novas restrições decorrentes do ressurgimento do coronavírus.

Os quatro componentes do Reino Unido – Inglaterra, País de Gales, Escócia e Irlanda do Norte – tomam decisões separadamente sobre assuntos como saúde pública e isso confunde um pouco os dados, sem falar na coordenação.

Nicola Sturgeon é do partido que quer se separar do Reino e procura sempre dar uma espicaçada em Boris Johnson. 

Ela também assumiu a figura de durona no combate ao vírus, procurando se distinguir do governo central, embora, isoladamente, a Escócia tenha o nada satisfatório índice de 733 mortes por milhão de habitantes.

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Originalmente menos tenso e mais extrovertido do que Nicola, Boris Johnson também não está bem na foto em matéria de medidas que contrariam o bom senso.

Durante a primeira onda, algumas atingiram o ápice do ridículo, como as que regulamentavam os passeios com cachorros. O cidadão podia ir de carro até a área onde levaria seu companheiro canino para exercitar as patinhas, mas o percurso tinha que ser suficientemente longo para justificar o uso do automóvel.

Medidas que entravam e saiam de cena, cercadas por exasperação geral, tornarem-se comuns.

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Agora, com as novas restrições, uma das mais discutíveis é o fechamento de bares e restaurantes às 10 da noite.  Também está proibido ficar em pé nos pubs e pegar bebidas no balcão.

Alguns especialistas acham que o limite horário vai adensar o movimento, propiciando assim condições mais favoráveis aos contágios.

Boris também disse que as Forças Armadas poderiam ser acionadas para fazer funções burocráticas nas delegacias de polícia enquanto os agentes da lei saem em massa para multar os infratores das novas regras. Dá para imaginar a satisfação das duas partes envolvidas. “Ridículo” foi um dos adjetivos mais gentis.

Um ex-juiz da Suprema Corte britânica – uma invenção recente -, Jonathan Sumption, diz que o governo nem sequer tem autoridade jurídica para colocar a população em “prisão domiciliar” e usa a tática do medo para promover “a maior afronta a nossa liberdade pessoal de todos os tempos, incluindo períodos de guerra”.

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Mais complexa é a situação em Madri, onde 37 bairros foram colocados em confinamento. Como policiar – e explicar – essa colcha de retalhos?

O objetivo justificável e compreensível da governadora Isabel Díaz Ayuso, do partido de centro-direita, é tentar evitar um novo confinamento geral e as consequências devastadoras para setores que já mal conseguem manter a cabeça fora da água.

Infelizmente, dificilmente conseguirá. A Espanha, com destaque para a região de Madri, é o país recordista de contágios da nova onda.

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Israel já está de novo sob confinamento, coincidindo com os feriados religiosos que culminam no domingo, com o início do Yom Kippur.

Essa é a semana em que mesmo judeus menos praticantes vão às sinagogas e os mais ortodoxos concentram-se totalmente no jejum e nas orações.

O ministro do Interior, Aryeh Dari, que é de um partido ultraortodoxo, o Shas, disse que só conseguirá convencer os rabinos a permitir orações apenas do lado de fora das sinagogas, com distanciamento entre os fiéis, se também forem proibidas as manifestações de protesto e a frequência nas praias.

“Eu entendo que as demonstrações são um valor sagrado para muitas pessoas, e respeito isso, mas para mim e muitos outros as preces são um valor sagrado”, disse. Não deveria o ministro se ocupar mais de proteger a comunidade que representa?

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Não é difícil entender as dificuldades dos governos, em todos os países afetados, em procurar administrar uma doença nova, principalmente depois que a primeira onda tinha passado e dava a impressão de que o vírus havia sido controlado.

Convencer a opinião pública de que está fazendo o melhor possível, em circunstâncias difíceis, é o melhor equipamento de sobrevivência para políticos no poder.

Uma pesquisa recente mostra que mesmo restrições fortíssimas produzem apoio quando espelham, correta ou incorretamente, as boas intenções dos governantes.

Na Itália, onde policiais chegavam a conferir o tíquete do supermercado para ver se a única pessoa da casa autorizada a fazer compras estava mesmo se limitando ao percurso necessário, a aprovação ao governo está em 60%.

Na Suécia, a exceção do bloco, 56% acham que o governo está administrando corretamente a crise do vírus. França, 37%; Espanha, 33%; Reino Unido, 30%.

Boris Johnson vai ter que fazer mais do que mandar multar o pessoal da balada que não dispersa depois das dez da noite.

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